Entrevistas
Expedição
Uma foto, uma história
Um Amigo na Fronteira
Esta talvez seja uma das fotos mais conhecidas da minha volta ao mundo de bicicleta. O mais curioso que apesar de conhecida e até imitada por outras pessoas, o sentido que ela ganhou não tem nada a ver com a intenção que eu tive ao saca-la.Naquele momento eu estava no início de minha volta ao mundo, ainda no primeiro continente, América do Sul. Havia atravessado o Brasil, Paraguai, Argentina, Chile e naquele momento estava na Bolívia, cruzando o Salar de Uyuni, um imenso platô coberto de uma grossa camada de sal. Na minha opinião um dos lugares mais bonitos e impressionantes do mundo. Tão impressionante que o simples fato de estar ali, dentro daquela imensidão branca, num dia frio e ensolarado, já é o suficiente para se sentir extremamente bem.Era assim que eu me sentia quando resolvi fazer esta imagem. Aproveitei que havia uma pessoa que sabia fotografar por perto e pedi para fazer a foto, algo raro em uma viagem solitária e ainda mais raro quando se está num deserto de sal. A ideia era fazer uma foto engraçada para mandar para meus amigos, algo que fosse totalmente contraditório, como relaxar deitado sobre um local perigoso. Poderia deitar no meio da pista, mas ali havia os trilhos de trem e foi ali onde eu deitei, até simulando aquelas imagens de filmes ou desenhos antigos nos quais a pessoa é amarrada sobre os trilhos.A imagem que saiu foi essa aí e eu gostei logo de cara. O curioso aconteceu quando eu publiquei essa imagem, logo de cara as pessoas associaram ela liberdade, tranquilidade e paz, que não era bem a mensagem que eu imaginava ao fazer a foto. Sempre achei curioso como alguém deitado sobe trilhos poderia passar uma imagem de tranquilidade, o trem pode passar a qualquer momento e acabar com essa paz.De qualquer forma, essa imagem ganhou vida própria e até hoje, 10 anos após o término da minha volta ao mundo eu recebo fotos de diversos viajantes no mesmo local ou em outros trilhos dizendo que se inspiraram nessa minha foto. Isso é algo extremante gratificante e mostra como mesmo saindo diferente do planejado esta foi uma foto que deu certo.
Um Amigo na Fronteira
Esta talvez seja uma das fotos mais conhecidas da minha volta ao mundo de bicicleta. O mais curioso que apesar de conhecida e até imitada por outras pessoas, o sentido que ela ganhou não tem nada a ver com a intenção que eu tive ao saca-la.Naquele momento eu estava no início de minha volta ao mundo, ainda no primeiro continente, América do Sul. Havia atravessado o Brasil, Paraguai, Argentina, Chile e naquele momento estava na Bolívia, cruzando o Salar de Uyuni, um imenso platô coberto de uma grossa camada de sal. Na minha opinião um dos lugares mais bonitos e impressionantes do mundo. Tão impressionante que o simples fato de estar ali, dentro daquela imensidão branca, num dia frio e ensolarado, já é o suficiente para se sentir extremamente bem.Era assim que eu me sentia quando resolvi fazer esta imagem. Aproveitei que havia uma pessoa que sabia fotografar por perto e pedi para fazer a foto, algo raro em uma viagem solitária e ainda mais raro quando se está num deserto de sal. A ideia era fazer uma foto engraçada para mandar para meus amigos, algo que fosse totalmente contraditório, como relaxar deitado sobre um local perigoso. Poderia deitar no meio da pista, mas ali havia os trilhos de trem e foi ali onde eu deitei, até simulando aquelas imagens de filmes ou desenhos antigos nos quais a pessoa é amarrada sobre os trilhos.A imagem que saiu foi essa aí e eu gostei logo de cara. O curioso aconteceu quando eu publiquei essa imagem, logo de cara as pessoas associaram ela liberdade, tranquilidade e paz, que não era bem a mensagem que eu imaginava ao fazer a foto. Sempre achei curioso como alguém deitado sobe trilhos poderia passar uma imagem de tranquilidade, o trem pode passar a qualquer momento e acabar com essa paz.De qualquer forma, essa imagem ganhou vida própria e até hoje, 10 anos após o término da minha volta ao mundo eu recebo fotos de diversos viajantes no mesmo local ou em outros trilhos dizendo que se inspiraram nessa minha foto. Isso é algo extremante gratificante e mostra como mesmo saindo diferente do planejado esta foi uma foto que deu certo.
De volta às origens da Terra
Em 2010 fiz uma expedição para fotografar a campanha da Adventure Sports Fair daquele mesmo anos. O destino foi a província de Mendoza, na Argentina, uma região repleta de atrativos naturais diferenciados. La Payunia é uma exótica região vulcânica com paisagens monocromáticas e multicoloridas intercaladas. Em alguns vulcões é possível entrar caminhando por labirintos de vias abertas pela erosão natural. La Payunia tem uma das maiores concentrações de vulcões do mundo, com mais de 800 e forma o cinturão vulcânico dos Andes. Todos os seus vulcões já estão extintos há milênios, mas o cenário de desolação ainda se faz presente e nos remete às origens da terra. O solo, predominantemente basáltico, é bem escuro e diferente, deixando brotar bem espaçados tufos verdes de gramíneas que alimentam guanacos que vivem na área. Pode-se ver no chão dezenas de piroclastos – do grego pedaços de fogo – que são pedras incandescentes lançadas por um vulcão em erupção: elas podem atingir mais de 10km de distância da cratera. Quando secam, algumas variantes podem virar a famosa pedra-pomes.O horizonte é repleto de vulcões de todos os tamanhos por quilômetros a se perder de vista, sendo o maior deles o Cerro Payún – ou Payún Matrú – e adentrar uma área tão enigmática como esta foi para mim uma experiência digna de uma grande aventura de exploração como nos filmes de Indiana Jones.O frio era intenso e o vento soprava a uma velocidade de derrubar os incautos. Apesar desse desconforto, tudo o que eu queria naquele momento era ficar ali indefinidamente percorrendo aquele região em busca de imagens. Tive a sorte de retornar ao local em 2013 e o encantamento foi o mesmo.
De volta às origens da Terra
Em 2010 fiz uma expedição para fotografar a campanha da Adventure Sports Fair daquele mesmo anos. O destino foi a província de Mendoza, na Argentina, uma região repleta de atrativos naturais diferenciados. La Payunia é uma exótica região vulcânica com paisagens monocromáticas e multicoloridas intercaladas. Em alguns vulcões é possível entrar caminhando por labirintos de vias abertas pela erosão natural. La Payunia tem uma das maiores concentrações de vulcões do mundo, com mais de 800 e forma o cinturão vulcânico dos Andes. Todos os seus vulcões já estão extintos há milênios, mas o cenário de desolação ainda se faz presente e nos remete às origens da terra. O solo, predominantemente basáltico, é bem escuro e diferente, deixando brotar bem espaçados tufos verdes de gramíneas que alimentam guanacos que vivem na área. Pode-se ver no chão dezenas de piroclastos – do grego pedaços de fogo – que são pedras incandescentes lançadas por um vulcão em erupção: elas podem atingir mais de 10km de distância da cratera. Quando secam, algumas variantes podem virar a famosa pedra-pomes.O horizonte é repleto de vulcões de todos os tamanhos por quilômetros a se perder de vista, sendo o maior deles o Cerro Payún – ou Payún Matrú – e adentrar uma área tão enigmática como esta foi para mim uma experiência digna de uma grande aventura de exploração como nos filmes de Indiana Jones.O frio era intenso e o vento soprava a uma velocidade de derrubar os incautos. Apesar desse desconforto, tudo o que eu queria naquele momento era ficar ali indefinidamente percorrendo aquele região em busca de imagens. Tive a sorte de retornar ao local em 2013 e o encantamento foi o mesmo.
Uma manhã especial
"Em Expedição fotográfica, final de outono na Patagônia Argentina, iniciamos a aventura com um trekking de El Chalten até o Lago Torre, uns 12km, onde passamos a noite, foi dia de céu encoberto, nada de conseguir ver as torres. Pela manhã mais um trekking de 10km até o acampamento Poincenote, que fica na base do Fitz Roy, mais um dia de caminhada e nada de avistar o cume.Apesar de ainda ser outono, as temperaturas pareciam ser mais baixas que o normal, a sensação térmica era amenizada pelo trekking; carregar equipamentos montanha acima pode se dizer que aquece. Naquela tarde, o tempo fechou ainda mais, as temperaturas caíram, o que parecia que impossível aconteceu, a paisagem que estava toda laranja começou a ficar branca. De floco em floco, o cenário foi se modificando, fomos dormir achando que a manhã seguinte seria de mais um dia sem avistar a tão cobiçada torre do Fitz Roy e que tudo estaria branco de neve.Durante a noite o céu limpou, não nevou o suficiente para permanecer tudo branco. Acordamos por volta das 4h, manhã gelada, fria, mas sem neve, céu limpo e lá estava o cume do Fitz Roy, agora era esperar o momento no lugar certo, caminhamos alguns metros e já encontramos uma clareira às margens de um riacho, de onde se avistava as imponentes torres de granito do Cerro Chaltén. Aos poucos, os raios de luz laranja da manhã tingiam as rochas com as corres quentes.A sensação é indescritível, um misto de conquista, superação, dever cumprido. Talvez a imagem consiga terminar de descrever o que eu senti naquele amanhecer."
Uma manhã especial
"Em Expedição fotográfica, final de outono na Patagônia Argentina, iniciamos a aventura com um trekking de El Chalten até o Lago Torre, uns 12km, onde passamos a noite, foi dia de céu encoberto, nada de conseguir ver as torres. Pela manhã mais um trekking de 10km até o acampamento Poincenote, que fica na base do Fitz Roy, mais um dia de caminhada e nada de avistar o cume.Apesar de ainda ser outono, as temperaturas pareciam ser mais baixas que o normal, a sensação térmica era amenizada pelo trekking; carregar equipamentos montanha acima pode se dizer que aquece. Naquela tarde, o tempo fechou ainda mais, as temperaturas caíram, o que parecia que impossível aconteceu, a paisagem que estava toda laranja começou a ficar branca. De floco em floco, o cenário foi se modificando, fomos dormir achando que a manhã seguinte seria de mais um dia sem avistar a tão cobiçada torre do Fitz Roy e que tudo estaria branco de neve.Durante a noite o céu limpou, não nevou o suficiente para permanecer tudo branco. Acordamos por volta das 4h, manhã gelada, fria, mas sem neve, céu limpo e lá estava o cume do Fitz Roy, agora era esperar o momento no lugar certo, caminhamos alguns metros e já encontramos uma clareira às margens de um riacho, de onde se avistava as imponentes torres de granito do Cerro Chaltén. Aos poucos, os raios de luz laranja da manhã tingiam as rochas com as corres quentes.A sensação é indescritível, um misto de conquista, superação, dever cumprido. Talvez a imagem consiga terminar de descrever o que eu senti naquele amanhecer."
As aparências enganam
Cada país tem seus segredos. Alguns mais e outros menos, mas todos têm. Conforme viajava eu tentava desvendar alguns desses segredos para que eu soubesse minimamente aonde estava me metendo. Em meu caminho estava o Iêmen e esse país parecia ser um local especialmente obscuro. Sentia que as informações tinham dificuldade de viajar para fora do país e mesmo em sua fronteira eu ainda não sabia quase nada do lugar em que estava prestes a entrar. Para não dizer que eu não sabia de nada, eu havia coletados algumas informações sobre o Iêmen, infelizmente nenhuma delas muito boa: haviam assassinado 5 turistas espanhóis dias antes de minha chegada, havia pontos de conflito no país, o islamismo mais radical da região estava ali e era o 2º pais com mais armas por habitante do mundo. Se eu fosse me basear nessa lista para chegar a alguma conclusão provavelmente seria que eu não duraria 1 dia nesse país. Logo que entrei no Iêmen descobri que essas informações estavam corretas, porém não faziam desse país um lugar ruim ou perigoso, pelo contrário, para minha surpresa foi um dos países que eu mais gostei e onde melhor fui recebido em toda a minha volta ao mundo. As armas estavam lá, bem como um enraizado islamismo, mas isso não fazia muita diferença, sempre que me lembro do Iêmen oque me vem à cabeça é a hospitalidade de seu povo. Simpatia e hospitalidade eram o forte daquela gente, me recebiam com festa nos vilarejos e preparavam banquetes nos lugares onde eu ia passar a noite. Era algo que eu não imaginava que pudesse acontecer. Algo tão improvável quanto ser parado na estrada para então ser escoltado por veículos do exército por cerca de 200 quilômetros. O local não parecia assim perigoso, mas como ordens são ordens, tive que pedalar acompanhado por um grupo de soldados e suas armas. Apesar dos rostos não muito amigáveis, bastava eu apontar minha câmera para eles para obter sorrisos. Atrás daquelas fardas estavam sujeitos muito simpáticos e como todo iemenita, hospitaleiros. Com um pouco de mímica e algumas palavras em inglês só precisei pedir uma vez para tirar uma foto com todos. Todos pararam o que estavam fazendo, alguns subiram no carro, outros ficaram ao lado da bicicleta, outros ainda fizeram cara de sérios e pronto, estava feita a foto do grupo que me protegeu de uma ameaça que nunca soube o que era. Quem vê a imagem sem saber da história até pensa que eu estava correndo algum risco naquele país, por isso é bom saber a história por trás de cada imagem.
As aparências enganam
Cada país tem seus segredos. Alguns mais e outros menos, mas todos têm. Conforme viajava eu tentava desvendar alguns desses segredos para que eu soubesse minimamente aonde estava me metendo. Em meu caminho estava o Iêmen e esse país parecia ser um local especialmente obscuro. Sentia que as informações tinham dificuldade de viajar para fora do país e mesmo em sua fronteira eu ainda não sabia quase nada do lugar em que estava prestes a entrar. Para não dizer que eu não sabia de nada, eu havia coletados algumas informações sobre o Iêmen, infelizmente nenhuma delas muito boa: haviam assassinado 5 turistas espanhóis dias antes de minha chegada, havia pontos de conflito no país, o islamismo mais radical da região estava ali e era o 2º pais com mais armas por habitante do mundo. Se eu fosse me basear nessa lista para chegar a alguma conclusão provavelmente seria que eu não duraria 1 dia nesse país. Logo que entrei no Iêmen descobri que essas informações estavam corretas, porém não faziam desse país um lugar ruim ou perigoso, pelo contrário, para minha surpresa foi um dos países que eu mais gostei e onde melhor fui recebido em toda a minha volta ao mundo. As armas estavam lá, bem como um enraizado islamismo, mas isso não fazia muita diferença, sempre que me lembro do Iêmen oque me vem à cabeça é a hospitalidade de seu povo. Simpatia e hospitalidade eram o forte daquela gente, me recebiam com festa nos vilarejos e preparavam banquetes nos lugares onde eu ia passar a noite. Era algo que eu não imaginava que pudesse acontecer. Algo tão improvável quanto ser parado na estrada para então ser escoltado por veículos do exército por cerca de 200 quilômetros. O local não parecia assim perigoso, mas como ordens são ordens, tive que pedalar acompanhado por um grupo de soldados e suas armas. Apesar dos rostos não muito amigáveis, bastava eu apontar minha câmera para eles para obter sorrisos. Atrás daquelas fardas estavam sujeitos muito simpáticos e como todo iemenita, hospitaleiros. Com um pouco de mímica e algumas palavras em inglês só precisei pedir uma vez para tirar uma foto com todos. Todos pararam o que estavam fazendo, alguns subiram no carro, outros ficaram ao lado da bicicleta, outros ainda fizeram cara de sérios e pronto, estava feita a foto do grupo que me protegeu de uma ameaça que nunca soube o que era. Quem vê a imagem sem saber da história até pensa que eu estava correndo algum risco naquele país, por isso é bom saber a história por trás de cada imagem.
Ver histórias
Artigos
Para que serve a tempestade
Ao se lançar ao mar, o marinheiro deve saber aonde ele quer chegar, e ele tem isso bem claro. Ele também sabe do seu propósito ao partir. Ao encontrar uma tempestade no meio do caminho, as suas habilidades vão ser testadas ao limite, e aonde o mar encontrar a sua fraqueza, lá será travada uma batalha. Passado o mau tempo um dia o barco chegará à segurança do porto. Feliz e com um forte sentimento de vitória, o marinheiro olhará para trás e agradecerá ao mar. Sabemos que bons marinheiros são forjados nos mares tempestuosos, e por saber disso ele reconhece a oportunidade. Ele sabe que a tormenta tem um propósito, e também não se esquece do seu. Se não fosse o caos, quem daria a ele a referência e a noção do melhor? Como ele aprenderia a lidar com o imponderável, e como ele poderia dormir no aconchego da sua cama, ou mesmo dar valor a um prato quente de comida? Em certo momento da vida do navegador, ele para de julgar o mar, o vento forte, a marejada, os cortes nas mãos e as noites mal dormidas. Ele simplesmente aceita tudo, e aprende que cabe a ele buscar seus recursos internos, e toda sua experiência para viver a vida entre os elementos. Sem viver o caos, ele nunca aprenderia sobre o discernimento, e sem o discernimento ele jamais saberia como fazer suas escolhas, e assim nunca saberia como tomar uma decisão, e sem tomar decisões, ele jamais chegaria onde ele sabe que tem que chegar. Navegamos muitas vezes sem rumo e nos esquecemos aonde queremos chegar. Nos negamos a vivenciar todas as experiências, por simplesmente não entendermos a natureza dos acontecimentos. Por isso quando o caos se apresenta nos apressamos em julgar. Julgamos quem nos fere, julgamos o mundo, julgamos aqueles que erram e nos julgamos. Nos esquecemos de que a dificuldade mora ao lado da superação, pois ela tem a tarefa de nos dar a referência de onde estamos, e de onde podemos chegar. ​ Em tempos de crise como estamos vivendo, a postura deveria ser de transformação, criatividade, determinação e fé. ​ De nada adianta nos colocarmos na condição de vítimas, pois esta consciência tem acompanhado a humanidade há séculos, e ela tem nos tornado reféns das nossas próprias atitudes. A tempestade é a mais perfeita oportunidade que o caos nos oferece. Deveríamos agradecer ao invés de nos queixarmos. Em se tratando de viagens, a viagem mais perigosa é aquela em que não sabemos aonde queremos chegar, e tão importante quanto saber o destino é saber como vamos realizá-la. Em relação a embarcações, eu recomendo viajar leve, e levar o estritamente necessário, pois quem vai mais leve vai mais longe. Para a vida a regra é a mesma. Podemos ir muito mais longe do que pensamos, e com recursos que nunca imaginamos. Porém quando estamos nos preparando para partir devemos fazer escolhas do que levar e do que deixar. Existem coisas primordiais que não pesam, e na minha maneira de ver jamais devem ser esquecidas. Podemos carregar os nossos barcos com toneladas de sonhos. Devemos levar também o ideal, a honestidade, a honra, o compromisso espiritual, a compaixão, o respeito, a atitude amorosa, a confiança, a fé com toda a nossa humanidade. Tão importante quanto saber onde queremos ir, é saber como vamos fazer a nossa travessia. Todo barco que parte tem que chegar, pois a tempestade é a nossa escola que tem, como na natureza, a habilidade de moldar os nossos valores.
De São Paulo para o Caribe
Naquela manhã de julho de 2009 tivemos certeza do nosso sonho: queríamos morar em um veleiro e dar a volta ao mundo. Os motivos para tomar essa decisão variaram de forma e tamanho, desde o stress de viver em uma cidade louca como São Paulo até a irritação causada pela vizinha do andar de cima que insistia em fazer barulho até uma hora da madrugada. O Alcides já nutria este sonho há anos, ou melhor, décadas, e eu sabia somente que não queria morar o resto da vida em São Paulo. Queria ter uma vida mais equilibrada, onde ao mesmo tempo eu curtisse a natureza, cuidasse do corpo, da mente, das amizades, dos laços de família, do relacionamento com o Alcides, enfim, da vida na sua melhor essência.Queria respirar Aventura, pois para mim, Aventura é Liberdade. É aquele sentimento que enche a alma e nos dá a certeza de estarmos vivendo intensamente cada Segundo da vida.Em 2009 fizemos 3 liveaboards decisivos. Primeiro no trimaran Cuan Law, nas Ilhas Virgens Britânicas. Depois no Spirit of Freedom, na Grande Barreira de Corais na Austrália, e por fim no Bilikiki, nas esquecidas Ilhas Salomão, no Oceano Pacífico. Na última viagem voltei aos prantos - literalmente - para o trabalho, na época então Gerente de Tecnologia Educacional da Abril Educação. Algo havia mudado dentro de mim e não havia mais tempo a perder. Alcides escreveu em uma folha de papel e colou no espelho em frente a nossa cama: “Volta ao mundo: partida em 26/06/11”, dia do meu aniversário...Foram quase dois anos de preparativos: eu fiz curso de arrais e amador, e juntos fizemos de Capitão Amador com o saudoso Carlão; aulas de inglês foram intensificadas; estudo e pesquisa do barco tomou as noites do Alcides; me aventurei em curso de edição de vídeo e até de culinária; planejei a árdua estratégia para deixar um emprego de quase 20 anos; e a parte que pensávamos que seria a mais difícil, e que para nossa surpresa não foi: contamos para a família. Vendemos nosso apartamento, nossos carros, e nos desfizemos de (quase) tudo que havia dentro.‍EM MENOS DE DOIS ANOS REALIZAMOS O SONHO‍Em 12 de março de 2011 mudamos de mala (muitas) e “cuia” para nosso querido catamarã Ocean Eyes comprado nas Ilhas Virgens Britânicas. O começo não foi fácil, pois não tínhamos experiência prática nenhuma em veleiro oceânico - Alcides teve escuna, lancha, hobby cat, e eu, nenhuma mesmo. Contratamos nosso broker, Bob Cook, para uma semana de instrução a bordo, e aprendemos que o que importa mesmo, são as amizades... Até hoje temos contato com ele, que sempre faz a previsão do tempo para nossas travessias mais longas.Começamos explorando as Ilhas Virgens, nos aventuramos pelo caldeirão de culturas e paisagens que é o Caribe do Leste, seguimos para as paradisíacas Los Roques e ilhas ABC - na verdade Bonaire, Curaçao e Aruba. Sempre mergulhando, fotografando, filmando, escrevendo artigos, conversando com os moradores, descobrindo projetos ambientais voltados para a vida marinha e tudo que as ilhas tinham para nos oferecer, desde points turísticos até os points secretos.‍A CERTEZA QUE TÍNHAMOS TOMADO A DECISÃO CORRETA AUMENTAVA A CADA DIA‍Resolvemos velejar para as Ilhas Virgens novamente e tomar outro rumo, desta vez para o norte. Lugares mágicos nos aguardavam em Turks e Caicos e também nas Bahamas, até chegarmos na Flórida. Encontros com baleias, tubarões, golfinhos selvagens. A emoção não tinha fim. Em 2014 descemos tudo novamente. Encontramos mais imagens e reencontramos os amigos feitos pelo caminho...Depois de 5 anos e meio velejando e mergulhando pelo Caribe decidimos contar um pouco da nossa história em cada lugar, acrescentando nossas dicas e imagens nesta coluna da WAS. Nós não apenas contamos as histórias, nós as vivemos de corpo e alma. Por isso estamos felizes ao compartilhá-las agora. Esperamos que curtam e que nossas dicas sejam úteis.Quer saber por que batizamos nosso catamarã de Ocean Eyes? Veja no video:Neste outro video contamos um pouco mais do processo de mudança e damos dicas para quem quer viver a bordo.E se você quiser passar uma semana a bordo conosco, velejando e mergulhando com todo o conforto e hospitalidade do Ocean Eyes, entre no nosso site www.oceaneyesexperience.com e fale com a gente.Associados da WAS tem desconto!
O que é Alimentação Sustentável
Você sabia que cação é tubarão, e que consumir sua carne não significa ter uma alimentação sustentável e nem saudável? Por ser predador de topo o tubarão é imprescindível para o equilíbrio da cadeia alimentar no oceano. Ele também conhecido como o “lixeiro do mar” por se alimentar inclusive de peixes que estão morrendo. Por isso seu papel é fundamental para o meio ambiente marinho. Além disso é um dos peixes que mais acumula metal pesado em sua carne, principalmente mercúrio. Isso porque ele se alimenta de peixes grandes que se alimentaram de outros menores e assim por diante, e que acumularam produtos em seus organismos, num processo conhecido por bioacumulação. Por esses motivos seu consumo não é sustentável e nem saudável.Porém, poucas pessoas sabem disso, e a famosa moqueca de cação ainda é um prato típico brasileiro servido em restaurantes e ensinado em escolas de gastronomia.O Movimento Cook 4 Life acredita no equilíbrio na alimentação, e por isso não associamos comida saudável e sustentável somente ao veganismo. É possível ser saudável e sustentável com uma cultura alimentar variada, desde que sejam consumidos ingredientes naturais que não ameacem o meio ambiente. Diga não aos industrializados em geral, aos excessos de gordura, de sal e açúcar, e busque uma dieta balanceada.A alimentação sustentável considera uma dieta equilibrada, preocupada com a ORIGEM do que você está consumindo, que deve fazer bem para você e para o Planeta!‍‍O exemplo que vem do mar‍Porque vivemos em um barco desde 2011, acompanhamos de perto e diariamente as transformações no oceano. Mas o mesmo vale para o que vem da terra, se pensarmos nas áreas desmatadas, nos agrotóxicos utilizados, no descarte de poluentes em rios e tantos outros problemas ambientais. Sustentabilidade significa: "o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades".Mas não estamos mais falando de garantir somente o futuro. Os recursos naturais são limitados e cada vez mais é preciso ter consciência que estão sendo utilizados acima do limite, por isso é urgente garantirmos o presente! Mas ainda é possível reverter essa situação. Esse é um dos objetivos do Movimento Cook 4 Life. ‍‍Como podemos ter uma alimentação sustentável e saudável ?‍A preocupação com dietas saudáveis é uma realidade na grande maioria das mesas, mas acho que falta informação prática sobre o que é saudável e ao mesmo tempo sustentável. Muito se fala sobre como os arrotos emitidos pelo gado, ovelhas e porcos contribuem significativamente para o aquecimento global, por serem gases de efeito estufa (metano). E também nas áreas desmatadas para pasto e alto consumo de água (cada bovino consome em média 50 litros de água por dia).Porém substituir a carne vermelha por peixe e comer pescado ameaçado de extinção, certamente não estará contribuindo para a sustentabilidade do planeta. Daí nasceu a ideia do Movimento Cook 4 Life! Queremos incentivar o uso de ingredientes de origem animal e vegetal saudáveis e também sustentáveis! Acreditamos que uma alimentação é saudável e sustentável quando faz bem para você, mas também faz bem para o planeta. Vamos te dar muitas dicas, informações, esclarecimentos, troca de conhecimento sobre alimentação saudável e sustentável. Através deste blog, das redes sociais, de encontros virtuais e presenciais queremos divulgar receitas práticas e informações para uma vida mais saudável e sustentável. Traremos informações sobre sustentabilidade no mar e na terra. ‍‍Sim, ser sustentável pode ser mais fácil do que você pensa!‍O Brasil desperdiça mais de 41 mil toneladas de alimentos por ano. 30% dos alimentos produzidos são desperdiçados no mundo todo. E grande parte desse descarte acontece entre o vendedor e o consumidor final. É aquele legume feinho, aquela fruta torta, aquele resto de feira que acaba indo para o lixo!Evitando o desperdício, diminuiríamos a necessidade de produção de alimentos em larguíssima escala, e consequentemente o uso de recursos naturais. Existem até aplicativos que podem te ajudar a comprar frutas, verduras e legumes com carinha diferente, mas saudáveis e mais baratos. Nosso bem estar depende da mudança de maus hábitos para bons hábitos, basta querermos!Consuma alimentos saudáveis, dê preferência para uma alimentação orgânica (vegetal E animal), verifique a origem do que você está comprando. Essa é a ideia do Movimento Cook 4 Life: divulgar dias práticas e úteis para o seu dia a dia! ‍‍Equilíbrio: a palavra mágica!‍Em março de 2019 a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) lançou uma publicação que reúne exemplos de boas práticas na redução do desperdício de comida, na promoção de dietas saudáveis e no fortalecimento das cadeias locais de produção. Todos estão preocupados com o desperdício de alimentos e o que podemos fazer para evitá-lo.Esse equilíbrio é urgente e necessário. Mas se pensarmos somente em nós e não analisarmos os impactos para o planeta, em pouco tempo não haverão alternativas saudáveis para ninguém.Vivendo em um barco aprendemos a aproveitar ao máximo tudo o que temos, sem desperdício! Por isso queremos compartilhar nossa vivência prática com você. Pode ser economia de água, energia, gás, ingredientes, o que for. No final tudo contribuirá para uma vida mais sustentável, sem abrir mão do que realmente importa na vida: saúde física e mental!‍‍Faça a diferença! Venha para o Movimento Cook 4 Life‍Por isso convido a todos a participarem do movimento Cook 4 Life! Fique de olho na origem dos ingredientes e prepare receitas saudáveis, gostosas e sustentáveis. Seja você também um agentes de mudança no seu dia a dia. Transforme cardápios tradicionais em cardápios conscientes, que farão bem para você e para o Planeta!‍‍Confira agora 5 dicas sustentáveis:‍Está comprando pescado e quer saber se ele é sustentável ou não? Converse com o #chatbot através do Messenger do Guia de Pescados e descubra na hora se ele tem sinal verde, amarelo ou vermelho para consumo. E se ele for tarja preta, saia fora! Quer saber como evitar o desperdício de alimentos? O projeto Comida Invisível é uma iniciativa incrível com muitas dicas e informações úteis. Tem até um APP para você doar comida para quem precisa.Quer saber as espécies de frutos do mar mais recomendadas para consumo no Brasil, e como são produzidas? Acesse o aplicativo do Seafood Watch, produzido pelo Aquário de Monterey, com informações de pescado do mundo todo. Quer colher suas verduras na hora, livre de agrotóxicas e super saudáveis? Visite o mercado que está inovando em São Paulo Super Saudável. E para finalizar, gosta de carne vermelha mas não quer prejudicar o meio ambiente? Dê preferência para a carne orgânica, que garante uma forma de produção sustentável e mais saudável. Para ter mais dicas siga nosso blog Cook 4 Life e página no facebook agora!
Ver artigos
Colunas
A Aventura de Viver
Na vida as vezes somos chamados ou pegos de surpresa para nos aventurar por locais incertos: novos empregos, novos relacionamentos, novas montanhas, novos mares e por aí seguimos. O conhecimento nos traz um pouco de conforto e segurança para seguirmos por caminhos nunca antes navegados por nossos corpos e mentes, assim acabamos por rumar rotas desafiadoras onde procuramos controlar nossas emoções de maneira racional. Porém, nossas crenças e culturas por vezes ganham novos sentidos e nos agregam novos valores, ampliando assim nosso foco para novos mundos. A inteligência emocional e seus métodos de treinamento podem nos tornar mais fortes para encarar novas verdades em um mundo cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo. Novas habilidades comportamentais são desenvolvidas quando estamos em contato com a natureza, este elemento mutante que sempre desperta em nosso interior heróis e heroínas que até pouco tempo desconhecíamos. A empatia, o trabalho em equipe, a liderança, o foco, a adaptabilidade, a resiliência e outras competências se fazem presentes em nossas atividades e serão ferramentas essenciais para nossas novas aventuras, tanto na vida profissional quanto na vida pessoal. No mundo corporativo a maioria das demissões são geradas justamente pela falta das habilidades citadas no parágrafo anterior. Não me espanta também serem a grande parcela dos insucessos no mundo da aventura. As habilidades comportamentais conhecidas como Soft Skills são tão importantes e essenciais quanto as nossas habilidades técnicas, as Hard Skills. Um líder de montanha extremamente técnico e um CEO altamente qualificado podem pôr tudo a perder se não possuírem um bom coeficiente emocional. Hoje em dia as empresas procuram bastante qualificar seus líderes em habilidades comportamentais para evitar o grande índice de evasão, visando que os seus times de trabalho possam ter uma melhor performance. É assim na vida, na montanha e no mundo corporativo. O grande diferencial para os novos tempos serão o seu propósito, o seu autoconhecimento e a sua autogestão emocional e interpessoal, capacidades que te propiciarão uma comunicação assertiva e de valor. Em pouco tempo, as habilidades comportamentais poderão fazer parte da formação de guias e instrutores de esportes outdoor, passando a ser um diferencial na qualificação destes profissionais.
Iniciando na Aventura de Mergulho
Quando você fecha os olhos e se lembra do barulho das bolhas de sua respiração e a imagem do fundo do mar toma conta da sua imaginação significa que você mergulhou. Isso mexeu com você e nunca sairá da sua cabeça. Nesse momento você se apaixonou por isso, então experimentou viver uma aventura de mergulho. Aventurar-se pode significar risco para alguns de vocês ou lançar-se ao desconhecido para outros, mas uma aventura de verdade mexe com você; te faz despertar novas sensações e te leva a um nível de autoconhecimento que de outra forma você não experimentaria.Comigo aconteceu assim, me apaixonei pelo fundo do mar, pelas descobertas e decidi viver plenamente em contato com essa aventura.Uma década de vivência com aventuras de mergulhos em meu dia a dia e estou aqui para dividir essa experiência com vocês. Já estive com tubarões, mas não senti medo, aprendi que respeito é o que o fundo do mar e a natureza nos exigem.Mergulhei em águas frias onde uma simples xícara de café, daqueles de garrafa mesmo, tiveram um imenso valor, ou em águas quentes e límpidas onde a sensação de liberdade é ainda maior. Vi várias espécies de peixes se alimentando com seus filhotes: a prática do funcionamento da cadeia alimentar que estudei nos livros.Já vivenciei situações onde percebi que nessa aventura no fundo do mar você deve saber o seu limite de segurança, já chorei embaixo d’água ao ver as pessoas realizando o sonho de criança. O mergulho me impressiona e a sensação de falta de gravidade acentua o sentimento de liberdade.Mergulhamos em duplas e isso nos induz a sempre dividir, compartilhar experiências e sensações.Me tornei fotografo e fã de imagens de natureza, assim consigo compartilhar com as pessoas um pouco da paixão que me atingiu e que espero que atinja você.Começando hoje, irei compartilhar minhas experiências com vocês com as colunas abaixo:‍- Aventuras de Mergulho- Fotografia Subaquática- Iniciando na Aventura de Mergulho- Destinos de Mergulho‍Espero que gostem e contem comigo até debaixo d’água!
Faça fotos sub mais coloridas!
Qual o principal desafio a ser superado na fotografia subaquática? Essa foi a pergunta que me fiz quando decidi fazer fotografia marinha. Esse desafio é o que faz toda diferença entre fotografar no seco ou fotografar na água.Estamos falando da iluminação e do meio que fotografamos, que no seco é o ar, no mergulho é água. Vou tentar explicar de maneira simplificada o desafio e ao terminar de ler essa coluna certamente você terá uma nova ideia de como fotografar embaixo d’água.A água é muito mais densa que o ar e por isso ela “filtra” a luz, é isso mesmo, temos menos luz na água do que fora dela. Então a luz solar tem um efeito diferente na superfície do que dentro da água. Quando a luz sai do ar e penetra água temos efeito da difusão, reflexão, absorção e dispersão da luz.Desse ponto em diante vou falar de maneira mais informal sobre o efeito em si que vai perceber de cada um deles. Os 2 primeiros explicam o porquê chega menos luz solar embaixo d’água, as nuvens, neblina são responsáveis pela difusão reduzindo a quantidade de luz e quando ela chega a superfície da água parte da luz se reflete diminuindo ainda mais a quantidade de luz que chega a água. Quanto mais baixo o sol mais a luz se reflete na superfície da água e mais escura a água. Portanto próximo do nascer e pôr-do-sol embaixo d’água a sensação as vezes é de estar a noite e isso tem forte influência na fotografia.A Perda de Cor é a primeira coisa que irá incomoda-lo ao fotografar embaixo d’água. Antes de conhecer esses conceitos se você já fotografou deve ter percebido que as fotos ficam totalmente azuladas ou esverdeadas dependendo da cor predominante do mar local. Uma referência de quais distância e cores perdemos referência pela absorção de luz dentro da água: • 3 metros – Não se vê o vermelho• 5 metros – Não se vê o laranja• 10 metros – Não se vê o amarelo• 25 metros – Não se vê o verde• Mais de 24 metros – Apenas se vê o azul.Conseguem perceber que me referi a distância dentro d´água e não a profundidade? Porque imagine que você está a 5 metros de profundidade e você com sua câmera está a 2 metros de distância do peixe que vai fotografar. Isso representa 7 metros de distância que a luz percorre dentro d’água até sua câmera registrar a foto. Por isso falo de distância e não apenas profundidade.Qual algumas soluções ou dicas de ouro para fotos coloridas embaixo d’água?‍Primeira dica: Se você não tem um flash potente (flash externo), ou usa uma Action Cam do tipo GoPro®, prefira fotografar em locais raso;‍Segunda dica: Com ou sem flash fotografe o mais próximo possível do assunto (peixe) da sua foto, diminuindo a quantidade de água que a luz vai percorrer;‍Terceira dica: Se não quer se preocupar tanto com a profundidade, tenha um flash externo ou iluminação continua potente para seus vídeos, pois nesse caso você estará levando a luz até o que você quer fotografar. Mas ainda assim chegue perto do que vai tirar sua fotografia senão você também perderá luz;‍Quarta dica: Flashs internos de câmeras não irão te ajudar quase nada se você estiver a mais de 30 cm de distância do que vai fotografar pois sua potência é baixa;Seguindo essas dicas eu garanto a vocês que já vão ganhar muita qualidade nas fotos que fazem independente do seu nível de treinamento.Nos próximos artigos de fotografia subaquática irei falar sobre posicionamento de flashs / iluminações e distorções da fotografia sub;Se você gostou não esqueça de clicar em curtir e compartilhe com seus amigos!Contem comigo até debaixo d’água!
Bahamas — Mergulho com Tubarões
No evento Adventure CrossRoads promovido pela WAS, apresentei imagens do mergulho que fiz com tubarões nas Bahamas. Muitos ficaram curiosos sobre o destino então decidi iniciar essa coluna de Destinos de Mergulho falando sobre esse local. Quando surgiu meu interesse em mergulhar com tubarões pesquisei muito e descobri que as Bahamas é um local privilegiado com um mar cheio de tubarões, parte disso por conta da falha geológica conhecida como “Tongue of the Ocean”, algo como “Lingua do Oceano” que separa a Ilha de Andros e New Providence onde está a capital Nassau e chega a 2000 metros de profundidade. Nessa falha repousam muitos tubarões. Em um dos extremos da Ilha de New Providence temos a operadora de mergulho pioneira em tubarões, a Stuart Cove que opera esse tipo de aventura selvagem desde 1982 iniciado pelo seu fundador. Quando cheguei a operadora tive um agradável surpresa, a base fica no cenário de gravação do filme Flipper, o que me fez resgatar memórias de infância. Conversando com a galera da operadora descobri que as Bahamas são cenário da maioria das imagens sub dos filmes de Hollywood o que torna Nassau um destino de mergulho ainda mais interessante para os cinéfilos, sendo considerado capital mundial dos filmes subaquáticos. Alguns que me chamaram atenção: Flipper, Mergulho Radical I, 007 e o próprio filme Tubarão. As águas das Bahamas são cristalinas devido a sua formação calcaria e até olhando em um mapa é visível essa diferença na coloração da água o que o torna propicio para as filmagens. Há muitos naufrágios induzidos para indústria do cinema o que me fez sentir como num filme em alguns momentos. Há mergulhos em naufrágios, paredões de corais e mergulhos com tubarões. Mergulhando nas Bahamas há pontos onde acontece o mergulho com tubarões e navegamos 15 a 20 minutos para chegar no naufrágio Ray of the Rope, um naufrágio muito visitado pelos tubarões. Os instrutores locais passam uma orientação bem detalhada e extensa e logo estamos na água vendo os primeiros tubarões que ficam nadando circular ao naufrágio e nos observando enquanto os instrutores observam o comportamento de cada mergulhador para identificar se estão preparados para o próximo mergulho. Minha primeira avistagem aconteceu enquanto passava pela cabine de comando do naufrágio e quando sai dei de cara com um tubarão me olhando fixamente, mas pouco interessado continuou em sua navegação em volta do naufrágio. Aos poucos já estávamos tranquilos com a presença deles, identificamos que eram 3 fêmeas da espécie caribenhos de recife. É possível encontrar dentes de tubarão durante esses mergulhos pois eles possuem várias fileiras de dentes que estão em constante troca. Passaram 50 minutos e estava novamente na superfície em estado de euforia muito grande junto com os outros mergulhadores. Navegamos mais 10 minutos e paramos no ponto de mergulho chamado Shark Arena, na beira do grande abismo onde os tubarões seriam atraídos por engodos de peixe e estaríamos ali assistindo seu frenesi alimentar, sem gaiolas de proteção, apenas como expectadores. Após novas orientações, mergulhamos e chegamos aos 10-12 metros de profundidade, já na descida era possível avistar mais de 20 tubarões aguardando nossa chegada e quando o alimentador entrou na água com a caixa de alimentação foi incrível começaram a sair do abismo dezenas de tubarões, estimamos algo como 50. Foi impressionante estar com esse animal topo de cadeia alimentar como expectadores e percebendo que não são máquinas de matar e sim animais incríveis, fortes e inteligentes. Um ponto alto da aventura eu era fotografado e filmado quando entre o cinegrafista e eu passou um grande tubarão e me atingiu com sua nadadeira caudal minha câmera, mas sem sequer me dar atenção, estava apenas de passagem. É possível ver no vídeo que vou colocar o link para vocês. As Bahamas merecem visita em outras ilhas: Bimini, Andros, Grand Bahama e pode incluir a praia de Tiger Beach onde ocorre o mergulho com tubarões Tigre. Encerro o artigo de hoje dizendo a vocês que o tubarão é incrível e precisa ser preservado, irei falar mais sobre isso num próximo artigo. Contem comigo até debaixo d'água!
Saiba mais sobre a hipotermia
Saiba mais sobre a Hipotermia Realizar atividades outdoor sempre é agradável em todas as épocas do ano, mas temos que manter alguns cuidados. A exposição por um tempo prolongado à chuva, a imersão em água fria, à neve e ao vento, pode levar a chamada Hipotermia. Veja vídeo do quadro Papo no Mato sobre o assunto. A Hipotermia se dá quando a temperatura corporal cai e fica abaixo dos 35°C. No entanto, a temperatura normal do corpo é de 37°C. Podemos pensar que, por estarmos no Brasil, estamos livres destes acometimentos. Inegavelmente as regiões mais ao Sul do país e áreas com grande elevação, principalmente no inverno, são mais propícias para entrarmos nesta condição. Apesar disso, um quadro de hipotermia pode acontecer com alguém em qualquer local, desde que haja condições ideais para tal. A hipotermia apresenta três tipos e é importante saber qual está sendo a sua manifestação. Alguém próximo ou até mesmo você pode entrar em estado hipotérmico e saber como lidar faz toda a diferença. Hipotermia Aguda É considerada a forma mais perigosa da hipotermia. Há uma queda muito rápida e brusca da temperatura onde o corpo não consegue suprir e manter a energia interna. Este tipo é muito comum quando a pessoa está exposta à neve e a grandes tempestades. Hipotermia Subaguda Neste caso a temperatura corporal cai de forma gradual e em um espaço maior de tempo. Isso desgasta de forma progressiva a energia utilizada pelo organismo para manter o calor interno. Acontece quando a pessoa permanece por um tempo grande exposto em ambientes com temperaturas muito baixas. Hipotermia Crônica Causada em consequência de algum problema de saúde já existente, como gripes e resfriados. Este tipo de hipotermia acontece muito em épocas de inverno em local com grande aglomeração de pessoas. Sintomas Os sintomas da hipotermia são bem variáveis. Eles dependem muito do grau em que ela se encontra (leve, moderado e severo). Leve: o primeiro sintoma que a pessoa apresenta são os tremores por conta do frio que ela sente com o propósito do organismo de manter os órgãos principais aquecidos. As extremidades corporais, como os pés e as mãos ficam frias e roxas tendo todo o membro um início de dormência. Além disso, surge uma fraqueza incomum e alguns podem apresentar um início de confusão mental junto com irritação e sinais de cansaço. Moderado: os tremores se tornam fortes e incontroláveis enquanto há uma respiração e pulsação superficiais. A pessoa pode se tornar agressiva e depressiva ao mesmo tempo, além de poder apresentar perda de memória. Os tremores podem diminuir e dessa forma a sonolência se torna presente. Severo: neste estágio, os tremores da vítima cessam pois a musculatura para de enviar resposta e com isso pode se perder os sentidos. A respiração se torna completamente superficial e a pulsação irregular e o risco de entrar em parada cardio-respiratória bem como em coma é muito grande. Deve-se levar a vítima imediatamente para um atendimento de emergência pois o risco de morte é alto. Tratamento O tratamento para hipotermia deve ser realizado rapidamente, independente de qual grau a vítima se encontra para não aumentar o grau de hipotermia. Ela deve ser tratada da seguinte forma: • Manter a vítima seca e aquecida. Se a vítima estiver com as roupas molhadas, deve-se antes de mais nada tirá-las e colocar roupas secas. Estas devem ser as mais quentes possível. Outros materiais como saco de dormir, cobertor comum e/ou cobertor de emergência da mesma forma auxiliam no aquecimento. Um outro método para elevar a temperatura é aquecer água e inserir em algum recipiente, como por exemplo garrafa pet ou cantil. Posteriormente colocar em locais onde correm grandes artérias, como na virilha. Bem como a água quente, a urina também pode ser utilizada neste processo. • Fonte de calor externo e bebidas quentes. Uma ótima ideia para aquecer a vítima é fazer uma fogueira próximo a ela. Outra boa forma é dar bebidas quentes como chás, leite, chocolate quente ou até mesmo água pura aquecida. Em HIPÓTESE ALGUMA dê bebidas alcoólicas pois, por mais que pareça aquecer, na verdade, faz com que a temperatura corporal caia, piorando o estado de hipotermia. • Fique sempre atento nas funções vitais. Ter um termômetro em um kit de primeiros socorros é de fato essencial para monitorar a vítima. Não apenas a temperatura como também os batimentos cardíacos devem ser sempre checados e, se possível na presença de um esfigmomanômetro sempre aferir a pressão. • Mantenha a vítima acordada. Por mais que seja difícil, nunca deixe uma pessoa com sinais de hipotermia dormir. A diminuição brusca dos sinais vitais pode levar a vítima a adormecer e, por fim, levá-la a óbito. • Busque sempre encaminhar para um serviço de emergência. Apesar de ter realizado todos os procedimentos anteriores, um serviço de emergência deve ser acionado assim que possível. Prevenção para não ter Hipotermia Vestuário adequado e seco: vestir a roupa certa em ambientes que levam a um risco de hipotermia é muito importante. Use sempre as camadas corretas (1º camada: segunda pele/ 2º camada: fleece/ 3º camada: casaco grosso com corta vento, impermeável ou anorak). Gorros, luvas, meias e sapatos próprios para o frio também são importantes para proteger as extremidades. Essas roupas devem estar, primordialmente, sempre secas. Portanto, para mantê-las assim, basta utilizar sacos estanque e até mesmo sacolas plásticas, desde que bem amarradas. Alimentar-se bem: em ambientes frios, ingerir uma quantidade de alimento e bebidas regularmente ajuda manter o corpo aquecido tanto quanto dará energia para o organismo. Lembrando que, nunca deve ser administrado bebidas alcoólicas como citado acima. Tenha tudo no kit de primeiros socorros: o cobertor de emergência ou manta térmica é um dos itens que não pode faltar no kit de primeiros socorros. Ele consegue trazer aquecimento em caso de hipotermia e pode ajudar a salvar a vida da vítima. Veja oferta de cobertor de emergência: http://oferta.vc/v2/53f4b302cc Com todas essas dicas, vimos que estar chovendo ou fazendo frio não é sinônimo de ficar em casa. Basta ficar atento a todas as informações e cuidados para poder aproveitar todos os momentos e climas nas atividades outdoor!
Ver colunas
Aventureiros
Marcos Palhares

Marcos Palhares – Future Virgin Galactic Astronaut e Accredited Virgin Galactic Space Agent. Atua como diretor na Agência Marcos Pontes, tratando com inovação os temas do mundo corporativo no âmbito empreendedor e motivacional. Sua experiência abrange expertise em negócios, treinamento técnico avançado e destaque na World Adventure Society: participou de trekking (63km), rapel (82metros), rafting (nível 4) mergulho (PADI), tirolesa (1,1Km), paraquedismo (6km), piloto de Fórmula Indy (296km/h) e de Tanque de Guerra.Visitou o Centro de Treinamento de Cosmonautas (Roscosmos – 2009), o Jet Propulsion Laboratory (NASA – 2012), Johnson Space Center (NASA – 2018), Estação de Lançamento Barreira do Inferno CLBI (FAB – 2018), treinamento no ATX – Astronaut Training Experience – Kennedy Space Center (NASA – 1987 a 2018), voo na estratosfera (SOKOL – voo em caça supersônico – 2009), Experiência de voo no Air Force One – Voo em Gravidade Zero (2013), Missão Simulada de Exploração de Marte MDRS – Mars Desert Research Station (2012) como comandante de missão, experiência com exploração de oceano em Submergível – considerado o brasileiro a atingir a mais alta profundidade (2.170 pés de profundidade em 2013), subida ao platô de Chajnantor a mais de 5mil metros de altitude como guia no maior Observatório do mundo – ALMA (2015, 2016 e 2017) e condutor da Tocha Olímpica (2016).Até 2023 está previsto para ser um dos 1000 primeiros seres humanos civis no espaço e um dos pioneiros a realizar este feito pela iniciativa privada. No campo empresarial é escritor e palestrante motivacional, empresário e empreendedor. Tem como marca o bom humor e a paixão em assuntos Geek. Pós-Graduado em Gestão de Marketing pela FGV, é membro do conselho na Fundação Astronauta Marcos Pontes, do Instituto Alberto Santos Dumont, da World Adventure Society, representante na Google pela empresa Seja Visto na Web, escritor do livro prefaciado por Marcos Pontes e autor da Palestra “O Céu não é o Limite”.

Gustavo Ziller

Gustavo é aprendiz de montanhista e empreendedor Endeavor, autor dos livros 'Escalando Sonhos', 'Aconcágua' e 'Kilimanjaro', criador da série 7CUMES do Canal Off.Formou-se em Publicidade e Propaganda, pela PUC-MG, e especializou-se em Produção Digital em Rádio e TV, pelo Brighton College of Technology, na Inglaterra.Ao longo de sua carreira, obteve reconhecimento por ser Empreendedor Endeavor e sócio-fundador da Aorta, uma das maiores desenvolvedoras de soluções para smartphones e tablets da América Latina, adquirida em 2011 pela e.Bricks Capital.Em um passado não tão distante, co-fundou a Imago Filmes (produtora de vídeo) e a extinta Savassi FM (principal Rádio Educativa de Belo Horizonte). Participou ativamente do lançamento da Oi FM, projeto de rádio da operadora Oi, e do braço de Mobile Content da Trip Editora, o Trip Mob.No universo das letras, escreve sobre música e tecnologia para o coletivo de ideias Update or Die, e sobre vida criativa para Revista Trip. Foi colunista do caderno Tec, da Folha de S. Paulo, e eleito, pela revista ProXXIma, um dos 50 profissionais mais inovadores do mundo digital brasileiro.Autor do esgotado 'Escalando Sonhos', sobre a jornada ao Campo Base do Annapurna, no Nepal, Ziller se dedica hoje ao projeto 7CUMES, série de TV transmitida no Canal Off, em que escala a montanha mais alta de cada continente, e ao projeto de educação criativa em escolas de ensino médio e instituições de ensino livres.O primeiro contato com o extraordinário mundo das aventuras aconteceu quando serviu Exército, como tenente da Companhia de Apoio do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha, em São João Del Rei, Minas Gerais.

Ver aventureiros
Galeria de fotos
Ver galerias
Vídeos
Naufrágios da II Guerra Mundial - Filipinas
Allan Piccinin
Mergulhando com Botos-cor-de-rosa
Allan Piccinin
Teaser do programa Kaiak
Alexandre Socci
Mergulho em Caverna: Ginnie Springs
Alexandre Socci
Mundo por Terra – Time-lapse Ally Canoe
Roy Rudnick e Michelle Weiss
Mundo por Terra – Rio Yana
Roy Rudnick e Michelle Weiss
Mundo por Terra – Acqualive
Roy Rudnick e Michelle Weiss
Mundo por Terra – Iguaria da Coréia do Sul
Roy Rudnick e Michelle Weiss
Canal WAS
Relatos de aventura
Cânion 5 Diamantes - Serra da Canastra
Em um cânion dessa envergadura e desse nível técnico, o ideal é que estivéssemos em uma equipe mais enxuta, o que evitaria atrasos que um grupo maior, por natureza, causa. Meu dupla e eu estávamos na condição de supervisores/mentores de 5 atletas recém formados em um curso de nível avançado, que maturavam suas técnicas nessa aventura. O ponto de encontro foi a cidade de Passos/MG e o atraso na saída foi inevitável. A fazenda que iria nos receber às 7h me contatou informando que só poderia abrir suas porteiras às 9h. Ao chegar, um dos integrantes preferiu não entrar no cânion, já imaginando os problemas causados pelo atraso, e ficou como apoio na base. Repassamos a logística num briefing, subimos a estrada em 2 veículos 4x4, ficando um na entrada do cânion e o outro regressando à base para monitorar nossa progressão através do dispositivo de satélite/GPS. Já eram 12h15min quando de fato entramos no cânion e foi iniciado o primeiro trabalho de corda, num total de 9 (rapéis) e alguns corrimãos de acesso. Dia ensolarado de outono, atmosfera quente e água fria. Esse cânion apresenta uma característica geomórfica bem peculiar, o que dificulta muito a progressão nos trechos em que utilizamos cordas. Seu leito tem desníveis com rampas de 45 graus verticais e 20 graus de inclinação horizontal, à direita. As rampas fazem com que não consigamos apoiar o nosso peso por completo, nem na corda e nem nos pés. A força da água nos passa uma rasteira e a maioria dos rapéis são cruzando as margens. Seguimos em um bom ritmo no início, mas o grupo começou a ficar mais lento nos trechos mais confinados e estreitos, onde a pressão do caudal d’água aumenta. Nesse estreitamento, um dos trechos de que mais gosto, a luz do dia já perdia força. Ainda (ou já) eram 15h, estávamos no rapel #6, tínhamos progredido no máximo 1/3 da extensão confinada do cânion e faltava muita coisa pela frente. Ao chegar ao desnível do rapel #8, um dos integrantes e eu optamos por fazer um salto de 8m, enquanto o restante do grupo optou por transpor esse obstáculo com corda. Nesse ponto do poço, pude perceber que o caudal d’água estava mais forte do que o comum para um outono. Tive também a certeza de que sairíamos à noite. Somente meu dupla e eu conhecíamos esse cânion, pois estávamos na ocasião da conquista. Não sei se isso era uma vantagem ou não, pois eu sabia o quão sofrida seria a continuação desta jornada enquanto o restante do grupo, não. O cânion começa a mostrar suas características mais aquáticas. Poços com correntes que arrastam e que terminam abruptamente em quedas com risco de “Eject” do atleta e deságue das quedas com refluxos. Eu ia à frente com auxílio de um saco resgate (daqueles que se usam em esportes de águas bravas) para verificar e abrir a progressão. Numa dessas, a corrente estava forte e, com bastante adrenalina, consegui chegar à borda de um eject, subir em uma pedra para sair da ação de arrasto da água e saltar. A equipe passava depois, auxiliando meu dupla, que era o último. Chegamos a um dos desníveis mais perigosos deste cânion. Um tobogã em canaleta, com águas e curvas fechadas para os dois lados em sua extensão, com contracorrente, uma marmita lateral e refluxo no seu deságue. Da vez mais recente em que havíamos passado por ele, já à noite, tivemos que escalar uma parede de 12m, instalar uma ancoragem e descer de rapel após o término desse refluxo. Mas desta vez, ainda havia um restinho de luz do dia e, como o rapel demoraria mais, optei por prosseguir pelo tobogã. O risco e o medo são maiores para mim. Novamente fui à frente, com auxílio do saco resgate; porém, em determinado ponto, já sendo chacoalhado pela água e já num ponto onde meu dupla não tinha mais contato nem visual nem sonoro, resolvi soltar a corda de apoio e deixar a corrente me levar... Estava forte, mas transponível. A equipe demorou muito nesse ponto. Tempo justificável pelo nível de dificuldade. A noite chegou e estávamos no rapel #9, o mesmo que em situação anterior meu dupla e eu tivemos que fazer um bivak forçado, pois, na ocasião, era impossível cruzar a margem durante o rapel. Uma rasteira no meio da descida poderia terminar num afogamento. Mais uma vez, achei que teria que bivacar. Caudal forte e muitos trechos de desescalada com risco de escorregões pela frente. Uma ancoragem que havíamos instalado da vez anterior, após o bivak e com luz do dia, era a solução para nossa transposição desse obstáculo e continuação do cânion à noite. Mas acessar essa ancoragem era outro risco, já que é bem exposta e com acesso escorregadio. A equipe então teria que instalar um corrimão de acesso e, toda vez que se necessita instalar um grampo o processo costuma demorar, principalmente à noite. Uma chuva forte passou pelo cânion e achamos melhor pausar a atividade e nos abrigar. Parecia que não tínhamos escapatória e teríamos que bivacar. Estávamos preparados para isso, mas as temperaturas esperadas eram bem baixas e o desconforto era certo. Aliás, eu já estava com muito frio, pois estava parado, aguardando as ancoragens. A chuva parou às 20h, uma bela lua cheia apareceu e eu preferi incentivar a turma a continuar. No último rapel a equipe teve problemas na recuperação da corda. Ela travou e, mesmo montando um sistema de redução para tracionar, não resolveu. Baixa nesse equipamento que tivemos que deixar. Seguimos pela madrugada por mais trechos de águas bravas e flutuação por enormes corredores. Às 3h da madrugada, o cânion se abriu e a lua cheia iluminava com vigor o leito rochoso. Faltava ainda mais de 1 hora de marcha aquática por grandes blocos de rocha e uma temperatura tão baixa que nosso calor, mesmo com o isolamento da roupa de neoprene, condensava atmosfera em vapor. Nossa referência de saída chega e iniciamos uma árdua subida em mata fechada, com samambaias que dificultavam ainda mais nossa ascensão, sem trilha, apenas por referência. A progressão nesse trecho foi muito lenta, já estávamos muito cansados e tivemos que fazer várias paradas. Havia se passado 1 hora de subida quando por fim acessamos a estrada. Eram 5h da manhã, todos muito cansados, e o carro ainda estava 2 km estrada acima. A primeira luz do sol raiou e estávamos na sede da fazenda nos encontrando com nosso amigo que ficou nos monitorando. Foi uma aventura intensa!
Meu caminho pelo sertão do Rosa
Sobre este relato: Há uma aventura literária filosófica acontecendo embrenhada no interior de Minas Gerais chamada O Caminho do Sertão, de Sagarana ao Grande Sertão: Veredas. Em 2019 terá sua 6ª edição. Um trajeto de 180km percorrido por mais de 100 pessoas vindas de áreas e lugares e culturas completamente diversos. Inicia em Sagarana, primeiro local de assentamento em Minas Gerais, distrito criado em homenagem e inspirado por João Guimarães Rosa. E o caminho vai até o Parque Grande Sertão Veredas, em Chapada Gaúcha. Sete noites acampadas, cada qual em um lugar perdido de existência, por baixo de um céu 5 milhões de estrelas. Fomos nos banhar no Urucuia, o rio do amor do livro do Rosa. Tanta e toda vida acontecida logo ali. Montar barraca ao anoitecer, desmontar antes do amanhecer. Mais que encantador, é um momento de reflexão da vida, de tudo que nos cerca, pois que cercados de sertão e de pessoas do sertão é fato que iremos nos questionar de como vivemos a cidade. Eu fui selecionado para a 3ª edição desta caminhada – sim, há um edital, você precisa querer muito ir passar esse perrengue existencial maravilhoso e ser selecionado, além de custear sua alimentação e transporte – e imediatamente após voltar derramei um relato desta aventura. Segue aqui o texto e o convite a repensarmos a revolução necessária ao meio ambiente, a nossa casa toda.‍Meu caminho pelo sertão do RosaOra pois no ôxi então! Vem! Né! Espiaaaaa....Caminho que o senhor fez foi caminho árduo dificultoso no então do ido, foi que foi? É que não. É que é travesso, de serpentina de poeira e rodamoinho de pé-de-valsa no baldio da multidão dos andantes que só e pó. É que foi. Um no depois do outro, o mundo indo, outros lugares. Assim, de passo dado feito mãos dadas. Roda de ciranda e de preparo do corpo pro pro-ir. Eu fui. O outro eu fui. Os outros fui. Eu fui em todos que foram. Todos me foram. Nós então agora somos. Caminhamos o caminho do sertão em terceira edição. Haja amanhã pra tanto hoje, houve. Teve.Rumei trecho. Saído dos loucos na cidade, entre as rosas e os campos, as vertentes, os também gerais, as bárbaras cenas rumo arriba. Sete. Setecentos. E setenta. E sete. É. Pareceu pirraça de brincadeira. Mas foi o GoogleMaps o pierrot dessa picardia. Foram esses os quilômetros (entre) a minha Barbacena e a nossa Sagarana. O meu Ponto de Partida.Esse texto bobo é para cumpliciar com vosmecês a fadiga do meu peito que brinda escrivinhadura com o contar das experiências do andarilho maltrapilho que me rodopia dentro do peito. Um sete em cada panturrilha, a pois! Sete centímetros cada, na idade dos 34 anos (3 + 4 é sete outra vez), na ida da virada do setênio nos 35! Arre! Eles falam. Eles dizem. A cabala, a astrologia, a numerologia, a crise dos casais, as profecias e os anjos deve que dizem também, ou não, pelo contrário.E o meu Ponto de Partida é o grupo de teatro. Todo meu de nosso. Daqui também dos loucos artistas criadores de vida. E o segredo maior do meu sonho-delírio que lhes conto: a música, O Amanhecer, cantarolado por Daiana e assobiado por Gustavo. É canção composta pelo moço conhecido, o tal Fernando Brant, que configurou no desenho do rabisco a letra tendo de contraponto a melodia composta pelo moço que faz do violão uma orquestra, o sinhô Gilvan de Oliveira. A música, cantada em vez primeira pelo pequeno Pablo Bertola, aos 5 anos, foi trilha de um espetáculo belo chamado O Beco, que diz que “quem é do Beco, é seco é pau, por milagre fica em pé. Quem é do Beco não é bom nem mau, sete vidas, tem na fé.... quem tem amigos na vida... está mais perto de ter Deus!”. E aí, que quando ouvi a Daiana, às 04 do dia, meus olhos abriram achando que até a abertura deles era ainda o sonho indo.Vosmecês e vosmecêsas exculpem esse jeito meu de falar do quintal da minha rua, é que é nele que eu entendi que é tudo casa, até a casa nua despida de cidade que é o sertão todo. E eu fui indo né, com vocês, com eles, sendo guiado pela vontade do peito de buscar rumo sem rumo, indo fondo, igual o andarilho que eu criei para perambular mundo. É que ir é o mesmo que o estar, só que sendo de bicicleta, um pouco mais rápido que o passo, um pouco mais lento que o tudo. É ir fondo mesmo.Nos tempos em que li o Grande Sertão do Guimarães eu tive epifanias. De que tudo que precisa ser escrito, dito ou compreendido estava ali. Um relicário precioso. Um baú de Pandora com a capsula do tempo mesclados, feito Deus e o diabo. E encontrar a um bando contatado para travessar juntos foi a mais honesta forma de realizar um sonho que um homem em seu meio caminho de tempero de vida pode encontrar com honestidade. Ver a literatura ganhar folhagem e a folhagem ser o cenário da ficção mais real que já li. Compreender a força pungente e arguta da arte em se fazer parte da vida cotidiana de todos os tipos de gentes (entre) as boas-ruins-boas e as doutas-sábias-rotas. A arte da ficção impelindo ao mundo as verdades!! Maravilha de viver, compreender e perceber. O que as cabeças idealizaram em primeira mão, os corpos sedimentaram em segunda ida. A nós, a alma. Insuflada nos corpos de pó, poeira e terra seca. A água das lágrimas, do suor e do carro de apoio fizeram de nós a massa primeira ancestral da criação. A realização em realidade da filosofia mitológica do barro que cria. E o sertão ali, sorrateiro-pleno, acordado inteiro, insuflando ventinhos para dentro de nós.Entrar ali é entrar em duas dimensões gigantes estando no mesmo lugar. O sertão de todos, o sertão do Rosa. Para transitar de um ao outro sem enlouquecer ao som do vento a gente tinha como que a pausa da existência, o recitar do homem que leva a palavra de Guimarães no beiço, Elson. E para a alma, os guias. De uns, o sol, outros a lua. A estrelaiada é a constelação de anjos para eles. O comandante Fidel dos jagunços urbanejos do sertão, a docilidade no homem em riste que abre os caminhos e garante a ida, a abertura de trincheira, os esclarecer dos matos. O guia celeste, aquele que nos une ao céu em puro, o Célio. O Bergue, nosso xamã curandeiro clérigo guia, que cuida de nossas colunas fingindo que alinhava os pés pelas bolhas, generosidade em abundância guardada dentro de castanhas de baru. O baru! Esse que melhora o colesterol, dá força e juventude, alegria aos casais e alimento a tantos. O guardião da retaguarda do bando, o que aceita o arrematar a travessia, o garantidor dos rastros, a salvação dos observadores mais aprofundados na arte do caminhar sem a pressa da dúvida, o Fanta. O homem um, o um em tantos, o cantador de aboios que nos lembra o ontem e nos faz pensar o amanhã, e sua presença é já. O Jao. E onde há guia, há discípulo dos caminhos. Como lã de carneiros que, na juventude, já vem para nos proteger, compreendendo nos passos tantos os rumos dos do ano que vem, a Lana. E aquele, o famigerado, o estapafúrdio, o sem beiradas de comparação, o papa-léguas do sertão, que tanto admiro, o seu Agemiro. É como o mago supremo talhado em resiliência e arguido em cacto. Importa pouco a secura do mundo, o que ele guarda dentro é água em nascente. Assentados, em beirada de pedra na cachoeira do churrasco eu perguntei a ele pedindo: “Seu Agemiro, fala-me, por favor e obséquio, algo de sabedoria de vida?” – ao que ele me olha, sem a pestana cintilar e me solta para os peitos: “Você quer uma receita? Toma café da manhã, almoça e janta. Pronto. Assim você sobrevive”. É. O sertão. Eu admiro. Resguardo as dúvidas e finjo exibir só as certezas, ele que se mostre para me carcomer entre sol e lua, e guias e setes e amanheceres. Eu sou puro ruminar.E da alma, os guias. Dos seres humanos, a astrologia, a psicologia e a escola de carinhos que o sertão foi. As cachoeiras de reabastecimento dos cantis de dentro. O terreno! Esse faz de cuscus com obra mal queimada em comida guardada de terceiro dia! Sim! O terreno! Pior em cada passo, tenebroso a cada dia. Com um tanto de íngreme a mais que o joelho não mede, mas a coxa caleja. O areal! A areia. Percebem? Os nossos passos ali são os anos! Todos! Um mais pesado que o outro, e depois do outro, mais areia!! E mais areia e poeira e espinhos novos, des-inventados ainda um mês atrás, certeza tenho! A-há!! O sertão diz! Gargalha de bocejar do óbvio que pra si ele deve que ser talvez. Nós caímos na pegada do sertão. Quando melhorou, pareceu, o buraco veio. Não. O buraco foi. Eita. O buraco ali, é paradoxo, porque é um só e é todos. O buraco vão com a gente! O vão dos buracos, o canto mais resguardado de nascente de rio é o maior labirinto pros pés, os olhos, os ouvidos e as águas. É....... as águas. Quem, tendo vivido, visto, ido, bebido, cheirado, benzido e curado há de ter coragem carecida para decidir escrever em linhas o que é a tal dela? A famigerada. A que salva os dois pontos do título do livro do Rosa. Por favor. Se alguém explicar o que é a vereda, conta-me não. Porque para mim ela só pode ser família. O resto é mato.O sertão, moços e moças. Guardou minha alma. Ele não pediu. Não pactuei. Ela foi sendo ele. E é. Achei que não tinha voltado, que o corpo não queria dar o download. Foi não isso. Foi nada. É que de antes de ir até agora que fui eu estou é indo. E vou. Até que fui.A você, qualquer um que careceu de ter coragem de chegar até aqui, ou loucurinha mesmo, obrigado por ter caminhado em lado mais eu. Você me ampliou por me fazer horizonte seu. Isso eu amo.Até mais ver.
Chegando à Capital dos Sherpas
‍A etnia Sherpa é uma das dezenas de etnias do Nepal. Eles vivem nas regiões mais altas das montanhas, em vales longos onde não há estradas, apenas trilhas. Por estarem acostumados a andar tanto e por nascerem em lugares altos, tornaram-se montanhistas perfeitos. Sem eles, escalar ou fazer um simples trekking no Himalaia seria muito mais difícil. Eles descendem dos tibetanos e vivem no Himalaia há 500 anos. Tempo suficiente para terem desenvolvido genes que lhes permitem uma adaptação mais fácil às grandes altitudes. Namche Bazaar é considerada a capital deles e, como tudo na vida de um sherpa, para chegar lá é preciso andar muito. Começamos a caminhada pela manhã e logo vamos conhecendo melhor a estrutura daquela trilha que é como uma estrada. Há muitas casas, lojas, casas de chá e hotel. Uma estrutura urbana.‍‍Infelizmente havia uma névoa no ar e estava difícil avistar as montanhas. Vou percebendo as pessoas que frequentam a trilha. Gente do mundo todo e em grande quantidade. Há muitos orientais. Japoneses e chineses em grandes grupos. Os indianos são sempre os mais lentos e pior equipados. Europeus são os mais rápidos. Há famílias também. Vejo um casal russo com duas meninas entre 10 e 12 anos com olhos claros como a cor do Dudh Khosi (o rio principal que nasce no Everest). Dois sherpinhas esticam o pescoço para as ver passar. As vilas são bem bonitas, esteticamente dizendo. As construções são rústicas, mas bem acabadas. Há muitos tea houses com placas de café espresso italiano. Estas construções e a paisagem me fazem pensar estar na Suíça. Porém, os sinos não são tocados por vacas gordas, mas sim por bois peludos e chifrudos que carregam a carga dos turistas, o dzopkio, uma mistura do yak com a vaca tibetana. Porém, a carga pesada é carregada mesmo pelos portadores. Provenientes de vilas mais abaixo nos vales, eles são de outras etnias, como Rai e Tamang. Alguns impressionam pela quantidade de carga que conseguem transportar. Muitos carregadores amarram os duffel bags dos turistas, fazem uma alça com a corda e saem andando pela trilha. Outros levam um cesto nas costas, empilhando acima dele várias mochilas das expedições.‍‍Não deixa de ser um contraste estes homens e mulheres se sujeitando a tão penoso trabalho, transitando por uma trilha com infraestrutura da Suíça. O começo da caminhada se dá percorrendo um vale com muitas travessias por ponte suspensa. O tamanho dos cabos de aço impressionam. Fico imaginando como o material usado na construção destas pontes chegou lá... Em certo ponto a trilha começa a subir e chegamos na mãe de todas as pontes, atravessando uma garganta de mais de 100 metros de altura. Algumas pessoas ficam até com vertigem.Após este cruzamento de rio, a trilha segue abrupta, ganhando altura rapidamente. Como subir é minha especialidade, nem me importo com o esforço e quando vejo já estou entrando em Namche Bazaar para chegar em nosso confortável hotel.Ainda é cedo e aproveito para conhecer melhor a interessante cidade com alguns clientes.‍‍ Descemos uma viela e chegamos numa rua plana, há uma bela loja de equipamentos de escalada, caixas eletrônicos, pousadas, restaurantes, lojas e cafés. Paro em um para tomar um espresso com torta por cerca de 8 dólares. Depois disso vamos andando pelas várias vielas de onde avistamos uma pedra bonita onde pensamos ter vias de escalada. Para chegar lá, vamos passando pela periferia da vila, saímos da "Suíça" para entrar na "Bolívia" em poucas quadras. Entramos num quintal e damos de cara com um homem amassando latinhas de bebidas. Ele nos permite passar. Olho dentro de sua casa e vejo o chão batido e a iluminação deficiente. Chegamos na tal pedra mas nada de escalada, mas um belo mirante para o vilarejo. Sherpa escala muito bem, mas faz isso para obter renda. Quem gosta mesmo de escalada por recreação somos nós, gringos. Voltamos a tempo para nosso confortável hotel para o delicioso jantar. As sapatilhas de escalada não saíram da mochila‍.
Voo para Lukla e Primeiro Dia de Trekking
Acordamos cedo e, como era de se esperar, houve bastante muvuca para organizar a bagagem de todos os 45 membros do trekking. Nos dividimos em várias vans e, driblando o trânsito da rua, chegamos ao aeroporto. O terminal de voos domésticos estava lotado, tipo filme indiano. Ficamos um tempão esperando o desembaraço para voar. Enfim, quando entramos no terminal de embarque, ficamos sabendo que nosso voo havia sido remarcado para onze horas. Mas qual? Como o grupo era grande, tivemos que fretar três aviões. Isso porque o aeroporto de Lukla é minúsculo e só pousa teco teco. Meu avião foi o último a decolar, depois das 13 horas. Um ônibus nos levou até a pista onde embarcamos num bi motor. Ele tinha de um lado apenas uma fileira de cadeiras e no outro duas.Após mais uma enrolação, enfim decolamos e o caos urbano de Kathmandu foi ficando pra trás. Fomos entrando numa periferia com ruinhas de terra onde casas se alternam com plantações de arroz e enfim passamos a sobrevoar colinas, estas ainda bastante habitadas. Num determinado momento o avião fez um rasante para atravessar um passo e pouco tempo depois a aeromoça nos informa que iríamos pousar. O avião vai descendo um vale e enfim toca a pista, chega na cabeceira e começa a retornar. Não parece Lukla. Em inglês ouço "this is not Lukla". E não demora para repercutir em nossa língua. O avião estaciona e o piloto nos informa: "Em Lukla está ventando muito. Vamos esperar o tempo melhorar para decolar de novo. Talvez às 15h a gente consiga voar....". Ligo o celular e vejo que pega 3G. Pelo Google vejo que estamos em Ramjatar. O aeroporto é menor que uma rodoviária, não tem nada pra fazer a não ser esperar. Tomados pela preguiça deitamos embaixo da asa do avião e ficamos batendo papo e descansando. Lá pelas 16h o piloto voltou e, enfim, conseguimos voar e pouco depois de 20 minutos fizemos um pouso tranquilo no famoso aeroporto de Lukla. Apressados, comemos alguma coisa e logo começamos a andar; o resto do grupo já havia saído. Tínhamos uma reserva num lodge em Phakding 2:30 horas depois. Saímos quase tropeçando do aeroporto e cruzamos a cidadezinha de Lukla, que tem um centrinho muito charmoso com lojas, restaurantes e cafés. A atmosfera é excelente, uma energia muito positiva. Estava no começo do trekking do mais famoso do montanhismo que já lia a respeito desde que era adolescente. Saio na trilha junto com Pemba e Karina e aproveito para perguntar tudo para o nosso Sherpa. O nome das árvores, dos animais e das montanhas que dava pra ver. A caminhada flui tranquila. Todos andando com bom ritmo, perdendo tempo para fotografar e filmar a pitoresca paisagem até que noite nos pegasse. Um sherpa começou a se destacar pela felicidade e bom humor. Pasang, na verdade, era filho de um sherpa com uma tamang. Ele falava, além das duas línguas, o nepali (que descende do hindu) e inglês muito bem. No caminho fomos ensinando português pra ele: — Vai Corinthians! — Mexe a bunda! — Vamos, vamos Brasil! Foi isso o que ele aprendeu na primeira noite. Chegamos em Phakding a tempo de jantar com o resto do grupo .Conversamos bastante e logo fomos para nosso primeiro pernoite na trilha.‍
Ver relatos
Benefícios
Ver benefícios
Nosso Instagram
Ver feed