Perfil do
AUTOR
Al Andrich
Fundador e presidente da WAS, Alberto Andrich é um documentarista de natureza, cultura e aventura com inúmeros trabalhos publicados no mundo. Sua paixão é registrar paisagens naturais, culturas originais, povos ancestrais e grandes aventuras, mostrando, sempre que possível, uma natureza virgem e intocada, além de costumes, tradições e povos remotos e isolados.
Histórias
De Volta às Origens da Terra
Em 2010, fiz a minha primeira expedição fotográfica para a Adventure Sports Fair, com destino à província de Mendoza, na Argentina. Essa região é um verdadeiro paraíso, repleto de atrativos naturais únicos. Entre esses encantos, destaca-se a exótica La Payunia, uma área vulcânica com paisagens surreais, alternando entre cenários monocromáticos e multicoloridos. Caminhar por entre os labirintos esculpidos pela erosão natural é uma experiência única em alguns dos vulcões.La Payunia abriga uma das maiores concentrações de vulcões do mundo, somando mais de 800 e compondo o magnífico cinturão vulcânico dos Andes. Embora extintos há milênios, a desolação do local nos transporta de volta às origens da Terra. O solo, de predominância basáltica, se destaca por sua tonalidade escura e singular, com delicados tufos verdes de gramíneas pontuando a paisagem e alimentando os guanacos que habitam a região. À medida que caminhamos, podemos encontrar inúmeros piroclastos, pedras incandescentes lançadas por vulcões em erupção, que podem percorrer impressionantes distâncias de até 10 km da cratera. Algumas dessas rochas, após secarem, transformam-se na famosa pedra-pomes.O horizonte é dominado por vulcões de todas as dimensões, estendendo-se por quilômetros sem fim. Dentre eles, destaca-se o majestoso Cerro Payún - também conhecido como Payún Matrú. Explorar uma região tão enigmática como essa foi uma experiência que me fez sentir como se estivesse vivendo uma autêntica aventura de exploração, digna das cenas épicas dos filmes de Indiana Jones.Enfrentei um frio intenso, com ventos que desafiavam os mais corajosos. No entanto, o desconforto não era nada perto da determinação em capturar as melhores imagens daquelas paisagens ímpares. Tive a sorte de retornar ao local em 2013, e o encanto que senti na primeira visita permaneceu inalterado.La Payunia é um desses lugares extraordinários que nos deixam maravilhados com a grandiosidade da natureza; e as lembranças dessa jornada permanecem vivas em mim, como se fosse um tesouro inestimável. O desejo de explorar suas belezas e mistérios é algo que jamais esquecerei, e, quem sabe, em breve, novas aventuras me aguardem por lá.
Blog
Marrakech
Marrakech é uma cidade marroquina cheia de mistério e encanto. Localizada aos pés das montanhas do Atlas, essa cidade milenar atrai viajantes de todo o mundo. Com sua rica história, arquitetura deslumbrante, cozinha exótica e uma vibrante cena cultural, Marrakech oferece uma experiência única a todos os que a visitam. CONTEXTO HISTÓRICO A história de Marrakech remonta à sua fundação por Yusuf ibn Tashfin, líder da dinastia Almorávida. Desde então, a cidade passou por momentos de grande esplendor e influência cultural, sobrevivendo a invasões e alterações de poder ao longo dos séculos. A combinação das culturas berbere e árabe pode ser vista em muitos aspectos da cidade até hoje.‍ IMPORTÂNCIA CULTURAL A arquitetura e os marcos históricos de Marrakech são de tirar o fôlego. A mesquita Koutoubia, com seu minarete imponente, é um exemplo notável da arquitetura islâmica. Além disso, a praça Jemaa el-Fna é um local animado que oferece uma visão fascinante da cultura marroquina, com artistas de rua, contadores de histórias e vendedores ambulantes. Marrakech também é conhecida por suas tradições artesanais, como a tapeçaria, os tecidos tingidos à mão e os trabalhos em cerâmica. Os festivais e celebrações realizados na cidade ao longo do ano, como o Festival de Marrakech e o Festival Popular de Arte são vitrines para a cultura local.‍ DELÍCIAS CULINÁRIAS A culinária marroquina é uma mistura de sabores exóticos e ingredientes frescos. Pratos tradicionais como o tagine e a couscous são conhecidos por seus aromas e sabores intensos. Os temperos usados, como açafrão, cominho e canela, criam combinações deliciosas e únicas. Além disso, os mercados de comida em Marrakech oferecem uma infinidade de opções, desde frutas e nozes até deliciosos doces marroquinos.‍ EXPLORANDO OS SOUKS Uma das experiências mais memoráveis ​​de Marrakech está em explorar seus souks. Esses mercados tradicionais são um labirinto de cores e aromas, oferecendo de tudo, desde tapetes e roupas até especiarias e artesanato local. Perca-se nesses becos movimentados e descubra a autêntica cultura e tradições marroquinas.‍ RICA CENA ARTÍSTICA Marrakech abriga uma variedade de museus e galerias de arte que exibem obras marroquinas e de artistas internacionais. Locais como o Museu de Arte Contemporânea de Marrakech e o Museu Yves Saint Laurent são destinos populares para os amantes da arte. Além disso, a cidade é conhecida pelo seu cenário de arte de rua vibrante, que revela talentos locais e internacionais.‍ O LADO ESPIRITUAL Marrakech é um importante centro espiritual no Marrocos, com muitas mesquitas históricas e locais sagrados. A Mesquita Ben Youssef e a Mesquita Mouassine são exemplos do belo design islâmico, e os jardins da antiga medina proporcionam um refúgio tranquilo para momentos contemplativos. A cidade também oferece a oportunidade de participar de rituais e tradições marroquinas, como a visita a um hamam tradicional.‍AVENTURA E ATIVIDADES OUTDOORAlém de sua beleza cultural, Marrakech também é um excelente ponto de partida para os amantes da natureza e aventureiros. As excursões para as montanhas do Atlas oferecem vistas deslumbrantes e trilhas emocionantes para caminhadas. Já as viagens ao deserto permitem que os visitantes vivenciem a autêntica vida nômade e realizem passeios de camelo inesquecíveis.‍OPÇÕES DE ACOMODAÇÃOMarrakech oferece uma variedade de opções de hospedagem, desde riads tradicionais a hotéis boutique de luxo. Os riads são casas tradicionais marroquinas que foram convertidas em acomodações de charme, proporcionando uma experiência autêntica. Independentemente da escolha, a hospitalidade marroquina é conhecida por seu calor e atenção aos detalhes.‍Pátio do Les Jardin de l'Agdal, um dos SPAs da cidade que oferece acesso facilitado a cadeirantes e outros hóspedes especiais.DICAS DE SEGURANÇA E CONSIDERAÇÕES CULTURAISAo visitar Marrakech, é importante seguir algumas dicas de segurança e considerações culturais. É essencial respeitar a cultura local, vestindo roupas modestas e comportando-se de maneira respeitosa. Além disso, é importante estar atento a golpes turísticos comuns e negociar com os vendedores nos souks de forma educada.‍VALE A PENA CONHECER!Marrakech é uma cidade fascinante que combina história, cultura, gastronomia e aventura. Com sua atmosfera única e experiências autênticas, Marrakech cativa os visitantes, proporcionando uma experiência inesquecível. Do charme dos souks ao esplendor arquitetônico, a cidade oferece algo para todos os gostos, tornando-a um destino imperdível para uma expedição cultural enriquecedora.‍1. Qual é a melhor época do ano para visitar Marrakech?2. Quais são os pratos tradicionais mais famosos de Marrakech?3. É seguro caminhar pela medina de Marrakech à noite?4. Como posso evitar golpes turísticos em Marrakech?5. Qual é a melhor maneira de se locomover em Marrakech?
Fotografia de Natureza 2
A fotografia de natureza é uma das formas mais cativantes de arte visual que nos permite apreciar e preservar as belezas do mundo natural. Desde as magníficas criaturas selvagens até as belezas de paisagens e da flora, a fotografia de natureza nos presenteia com vislumbres íntimos e inspiradores da vida em sua forma mais pura e autêntica. Ao longo dos anos, os avanços tecnológicos têm transformado a fotografia de natureza, abrindo novas possibilidades para os fotógrafos capturarem momentos efêmeros com detalhes impressionantes e cores vivas. Equipamentos de ponta e técnicas inovadoras tornaram possível congelar a ação rápida de animais selvagens em movimento, bem como revelar a beleza oculta de uma paisagem selvagem em uma luz única. A busca pelo equipamento perfeito é uma jornada essencial para qualquer fotógrafo de natureza. O equipamento certo é uma extensão do olhar do fotógrafo, permitindo-lhe contar histórias visuais poderosas e transmitir emoções através de suas imagens. Mas, com uma ampla gama de câmeras, lentes e acessórios disponíveis, a escolha do equipamento certo pode ser uma tarefa desafiadora. A escolha da câmera é o primeiro passo crucial para a fotografia de natureza. Câmeras modernas oferecem uma variedade de recursos, mas os modelos com sensores de alta resolução são amplamente preferidos para capturar detalhes finos nas imagens. Sensores full-frame ou APS-C podem fornecer qualidade de imagem excepcional uma vez que os avanços na tecnologia de sensores permitem uma excelente performance, inclusive em ambientes de pouca luz.
Fotografia de Natureza 1
Ao capturar a beleza da flora, fauna e paisagens naturais, os fotógrafos de natureza têm a oportunidade de contar histórias visuais e despertar emoções. Neste artigo, exploraremos os elementos essenciais e as técnicas básicas para entrar no mundo da fotografia de natureza e criar imagens impressionantes. 1. Conexão com a natureza: A primeira etapa para se envolver na fotografia de natureza é desenvolver uma conexão com o ambiente natural. Passe tempo explorando parques, florestas, praias ou qualquer área que desperte seu interesse. Observe atentamente os detalhes, estude os padrões e as cores, familiarize-se com a fauna e a flora local. Quanto mais você entender e apreciar a natureza, mais significado suas fotografias terão. 2. Equipamentos adequados: Ter um equipamento adequado é essencial para a fotografia de natureza. Uma câmera DSLR ou uma câmera mirrorless com recursos manuais e ajustes personalizados será uma escolha sólida. Além disso, é importante investir em lentes de qualidade que permitam capturar detalhes e alcançar zoom quando necessário. Uma lente grande angular é ideal para paisagens, enquanto uma teleobjetiva é útil para capturar a fauna à distância. 3. Composição e enquadramento: A composição é um aspecto fundamental na fotografia de natureza. Ao planejar uma foto, procure elementos interessantes que possam servir como ponto focal, como uma árvore solitária, uma cascata ou um animal em ação. Use técnicas como a regra dos terços, linhas de fuga e camadas para criar composições equilibradas e visualmente atraentes. 4. Luz e clima: A luz desempenha um papel crucial na fotografia de natureza. A hora dourada, o momento pouco antes do amanhecer ou depois do pôr do sol, oferece uma luz suave e quente, que realça as cores e adiciona uma atmosfera especial às imagens. No entanto, não subestime a luz durante outros momentos do dia. A luz difusa em dias nublados ou os contrastes dramáticos em condições de luz direta também podem criar fotos interessantes. 5. Paciência e observação: A fotografia de natureza requer paciência e capacidade de observação. Tire o tempo necessário para esperar o momento perfeito, seja para capturar o voo de uma ave ou para registrar a luz do sol filtrada pelas árvores. Esteja atento aos detalhes, às interações entre os animais e ao comportamento da natureza. Muitas vezes, as melhores imagens vêm para aqueles que estão dispostos a esperar e observar. 6. Estudo da vida selvagem: Se a fotografia de animais é o seu foco, é importante estudar o comportamento e os hábitos dos animais que você deseja fotografar. Isso permitirá que você se posicione adequadamente, antecipe os movimentos e crie imagens mais envolventes. Conhecer as rotas de migração, os locais de alimentação e os horários de atividade dos animais é crucial para maximizar suas chances de sucesso. 7. Detalhes e texturas: Além de fotografar paisagens e animais em sua totalidade, não deixe de prestar atenção aos detalhes e às texturas encontrados na natureza. Flores em close-up, padrões de casca de árvores ou gotas de orvalho em folhas podem revelar uma beleza surpreendente. Use uma lente macro para capturar esses pequenos detalhes e explorar um mundo microscópico fascinante. 8. Fotografia em movimento: A natureza está constantemente em movimento, e capturar essa dinâmica pode levar suas fotografias a outro nível. Fotografar pássaros em voo, peixes saltando ou cachoeiras em movimento requer técnicas específicas, como o uso de velocidades de obturador rápidas para congelar a ação ou velocidades mais lentas para criar efeitos de borrão intencional. 9. Edição e pós-processamento: O pós-processamento é uma parte importante da fotografia de natureza. Utilize programas de edição de imagens, como o Adobe Lightroom, para aprimorar o contraste, a saturação e o equilíbrio de cores das suas fotos. No entanto, lembre-se de manter a edição sutil e fiel à cena original, evitando exageros que possam distorcer a essência da imagem. 10. Ética e conservação: Por fim, é essencial praticar a ética e a conservação na fotografia de natureza. Respeite o ambiente natural, mantenha-se em trilhas designadas, não perturbe a vida selvagem e nunca coloque a sua segurança ou a dos animais em risco apenas para obter uma foto. Lembre-se de que a preservação do meio ambiente é tão importante quanto as fotografias que capturamos. A fotografia de natureza oferece infinitas possibilidades criativas e uma oportunidade única de conectar-se com a beleza da natureza. Ao explorar os elementos essenciais e dominar as técnicas básicas, você poderá capturar imagens cativantes e compartilhar sua perspectiva do mundo natural com os outros. Portanto, saia, explore e comece a fotografar a natureza que o cerca.
Fotos
Beleza Oculta
Bem-vindos a esta fascinante galeria de fotos macro de insetos, capturadas pelo nosso fotógrafo Al Andrich. Nesta coleção única, convidamos você a mergulhar no mundo microscópico dessas criaturas incríveis, como besouros e grilos, e testemunhara beleza oculta de insetos e aracnídeos. Aqui, somos transportados para um universo onde pequenas criaturas assumem uma grandiosidade impressionante. Cada detalhe é revelado. As fotografias permitem que nos aproximemos e apreciemos esses insetos de maneira única, revelando a perfeição que a natureza criou em cada uma de suas espécies mesmo quando o animalzinho não está na foto, mas deixa ali sua marca inconfundível! Imagine um besouro, cujas cores brilhantes e estruturas delicadas evocam a sensação de uma joia viva. Suas antenas finamente articuladas exploram o ambiente ao seu redor. O brilho iridescente da carapaça nos cativa, deixando-nos admirados com a diversidade e singularidade encontrada em cada espécie. Por outro lado, os grilos nos hipnotizam com sua simplicidade e harmonia. Suas asas são verdadeiras maravilhas da natureza, projetadas com precisão para criar as melodias noturnas que ecoam em florestas e campos. As fotografias de Al Andrich capturam a sutileza dessas criaturas, destacando seus contornos e estruturas, oque nos permite apreciar sua importância no equilíbrio ecológico. Essas imagens vão além de simples fotografias; elas nos convidam a refletir sobre a diversidade da vida na Terra e a compreender que, mesmo no menor dos seres, há uma complexidade e uma beleza que nos escapam em nossas rotinas diárias. A natureza é uma artista incomparável, tecendo um intrincado tapete de biodiversidade que merece ser protegido e admirado.
Campanha ASF 2013
Na deslumbrante província de Mendoza, Argentina, lideramos uma expedição fotográfica emocionante para produzir as imagens da campanha publicitária da AdventureSports Fair 2013. Como um apaixonado fotógrafo de aventura, fui honrado em liderar essa missão única. Junto com uma equipe dedicada, nossa meta era capturar a essência das aventuras esportivas em meio às majestosas paisagens naturais desta região.Ao embarcar nessa jornada, estava determinado a transmitir toda a energia e emoção das atividades de aventura através das minhas lentes. A província de Mendoza nos oferecia um cenário perfeito, com suas montanhas imponentes, vales verdejantes e rios cristalinos, criando o pano de fundo ideal para a campanha publicitária.A cada clique, buscava capturar a vibração dos atletas em ação e a beleza intocada da natureza ao redor.Durante a expedição, enfrentamos desafios e nos adaptamos a diversas condições climáticas, desde dias ensolarados até momentos de neblina, chuva e um pouco de neve. No entanto, esse ambiente em constante mudança proporcionou oportunidades únicas para fotografias originais. Com minha equipe ao meu lado, todos estávamos motivados e inspirados a criar imagens que transcendessem os limites do convencional, capturando momentos verdadeiramente especiais.E a campanha publicitária da Adventure Sports Fair ganhou vida, revelando a intensidade dos esportes de aventura e a beleza singular de Mendoza. As fotografias capturadas transmitiam uma mensagem de coragem, superação e conexão com a natureza, refletindo a essência do evento que buscava inspirar a todos a explorar novos desafios e viverem experiências inesquecíveis.Essa expedição em Mendoza foi uma verdadeira celebração da fotografia de aventura, contando histórias através de imagens. O resultado foi uma campanha publicitária extraordinária que não apenas promovia o evento, mas também celebrava nossa paixão pela aventura e a harmonia entre ser humano e natureza. Uma exposição fotográfica foi montada no evento, cativando e conquistando o público presente.
Salar de Uyuni
Considero estas fotos do Salar de Uyuni uma ode à natureza, capturando a majestade e a beleza surreal deste incrível lugar. As imagens foram registradas durante a expediçãoTravessias Extremas entre maio e junho de 2017. Acredito que conseguiu transmitir a grandiosidade desse lugar único no mundo. As fotografias retratam o imenso Salar estendendo-se até onde os olhos podem ver. Os tons dourados do nascer e do pôr do sol contrastam com o branco puro da superfície salina, criando um espetáculo de cores que parece quase irreal. Cada foto é um convite para embarcar em uma jornada visual pelas maravilhas naturais deste deserto de sal. A expediçãoTravessias Extremas me proporcionou a oportunidade de explorar os cantos mais remotos do Salar de Uyuni e desvendar suas paisagens. Me esforcei para capturaras nuances da paisagem, como os desenhos geométricos formados pelas rachaduras do sal. Esse lugar me remete a um universo paralelo, onde a natureza parece brincar com a imaginação humana e me desperta uma sensação de deslumbramento e reverência pela Terra. Esta galeria me inspira a explorar as maravilhas do mundo e a mergulhar nas aventuras que a natureza oferece. Cada foto é uma celebração da jornada do fotógrafo e dos aventureiros que enfrentaram os desafios da expedição Travessias Extremas. Esse ensaio fotográfico sobre o Salar de Uyuni é mais do que um simples registro visual; é uma narrativa visual que toca a alma, recordando a todos nós a importância de preservar e apreciar as belezas naturais que o nosso planeta tema oferecer.
Jalapão
Esta galeria de fotos de paisagens do Jalapão é um tesouro visual sobre a exuberância desse paraíso natural. Ao percorrer os deslumbrantes cenários do Jalapão em várias expedições, meu objetivo sempre foi capturar a essência desta região única no coração do Brasil. Cada imagem é um retrato autêntico da grandiosidade das dunas de areia dourada, dos rios cristalinos e das cachoeiras que se escondem entre a vegetação exuberante. As fotografias revelam a harmonia perfeita entre a natureza e o homem em meio à vastidão de suas paragens. Os tons quentes do pôr do sol banham a paisagem em uma luz mágica, pintando um cenário deslumbrante que parece saído de um sonho.Cada foto é uma janela para a beleza crua e intocada do Jalapão. Minhas expedições pelo Jalapão me permitiram explorar cada canto desse paraíso oculto e me conectar profundamente com a natureza. Cada clique da câmera era uma forma de expressar minha admiração por essa terra de encantos e desafios. Conforme as cachoeiras ecoavam com suas quedas d'água revigorantes e as trilhas revelavam segredos ocultos, eu me sentia em completa sintonia com o ambiente ao meu redor. As fotografias do Jalapão são mais do que simples registros, elas contam histórias de aventuras, descobertas e momentos de contemplação. Cada imagem é uma celebração da diversidade natural do Brasil, que muitas vezes passa despercebida, mas merece ser admirada e preservada. Compartilhar essa galeria é uma forma de convidar os espectadores a se conectarem com essa natureza exuberante e inspirá-los a cuidar e respeitar nosso precioso planeta. Essa coleção de fotos é uma expressão do meu amor pela fotografia e pela natureza, e espero que elas inspirem outros a explorar as maravilhas que existem em nosso próprio quintal. Cada imagem é uma lembrança viva das emoções que experimentei enquanto explorava o Jalapão, e é uma honra compartilhá-las com o mundo para que outros possam também se encantar com a magia desse lugar fascinante.
Aconcagua
Em março de 2013, vivi uma experiência inesquecível que ficará para sempre em minha memória. Estas fotos aéreas do Monte Aconcágua e seu entorno foram capturadas a partir de um helicóptero de resgate, que nos levou a incríveis 7 mil metros de altitude, proporcionando uma visão única do cume do Aconcágua. Para mim, essa experiência foi verdadeiramente extraordinária. Talvez eu seja o único fotógrafo no mundo a ter essas fotos do Aconcágua, tiradas de frente para o cume, enquanto estava na porta aberta de um helicóptero. Foi um momento desafiador, devido à dificuldade em respirar, à turbulência e ao frio extremo de cerca de -20ºC. Além disso, com a porta aberta, o vento do rotor trazia consigo para dentro da cabine o ar congelante dos Andes, tornando ainda mais intensa a sensação térmica negativa. Em determinado momento, minhas mãos quase congelaram, o que me impediu de ajustara câmera. Contudo, mesmo diante das adversidades, a magia desse momento é algo que jamais esquecerei. O sentimento de tensão, adrenalina e arrebatamento estava presente a cada clique. Essas fotos sempre me transportam de volta àquele instante mágico, onde a tensão se misturava à fascinação. É uma lembrança vívida de uma experiência única, que capturou a grandiosidade do Aconcágua e me mostrou a beleza irretocável que existe nas alturas dos Andes. Cada vez que olho para essas imagens, sou lembrado do privilégio que tive de testemunhara majestade dessa montanha icônica e compartilhá-la através da minha fotografia. Essa experiência me inspirou a explorar os limites e capturar momentos extraordinários, independentemente dos desafios que possam surgir no caminho.‍
Entrevistas
Entrevista: Sanner Moraes
Prepare-se para se aventurar em um mundo de aventuras emocionantes e cenários impressionantes enquanto conversamos com o canionista Sanner Moraes. Com um espírito audaz e uma paixão inabalável pela exploração das mais profundas gargantas e desfiladeiros, Sanner é um verdadeiro mestre das alturas. Nesta entrevista exclusiva, ele compartilhará suas experiências, os desafios enfrentados ao longo de sua carreira, e como essa fascinante atividade o conecta de forma íntima com a natureza que o cerca. Junte-se a nós nesta jornada emocionante e descubra o mundo através dos olhos destemidos de Sanner Moraes, um verdadeiro mestre dos abismos. O que é canionismo? É a atividade exploratória ou esportiva de se percorrer o interior de um cânion, descendo o leito do seu curso d'água, servindo-se de técnicas e equipamentos de diversos esportes aquáticos e de montanha para que se consiga progredir em seus diversos aspectos, em especial os desníveis. Há diferentes modalidades dentro desse esporte ou é uma coisa só?‍ Sim, há diferentes tipos de modalidades apesar do objetivo final ser um só: a exclusividade de poder estar em locais restritos e de grande beleza natural, com a sensação de êxito em se vencer o percurso. Podemos dividir em duas vertentes: Os que gostam de conquistar novos cânions e os que gostam de descer cânions conquistados. A primeira é formada por pessoas com perfil predominantemente explorador. Estas estão dispostas a sofrerem mais com a pressão psicológica e a exaustão física em troca da aventura inédita. São pessoas que têm o trabalho de grampear todas as ancoragens e criar um croqui do cânion conquistado, a fim de que os próximos praticantes, os repetidores, possam se guiar. A segunda é formada por esses repetidores, que são praticantes com perfil predominantemente recreativo e contemplativo, ou também esportividade quando esses cânions estão com seu caudal d'água forte.‍‍ Como você conheceu o canionismo? Quando começou a praticar?‍ Foi uma transição de longos anos. Eu nasci e fui criado na vila de Furnas-MG, um local circundado de belos e potenciais cânions e cachoeiras. Comecei a me pendurar em cordas em 1996, de forma bem amadora. Em 2000 eu conheci um amigo, o Dickran Berberian, ele me ensinou muitos macetes de cachoeirismo e nesse momento já dispúnhamos de técnicas e equipamentos. Em 2001 começamos a explorar os cânions da região, porém não tínhamos as técnicas de recuperação de cordas do canionismo. Para isso, fazíamos como espeleólogos, uma corda para cada cachoeira e quando acabavam as cordas, voltávamos fazendo ascensão. Em 2008 eu comecei a prospectar cânions maiores, que atualmente são os Cânions BS Prime e BS Diamond, os ícones e clássicos da região de Furnas. Mas foi em 2010 que fui a um encontro brasileiro de canionismo em Delfinópolis/MG na Serra da Canastra e lá conheci o esporte efetivamente através de amigos canionistas. ‍Realizei alguns cursos e de lá pra cá conquistei inúmeros cânions na minha região, descendo muitos outros em regiões como Serra do Intendente, Brotas, Planalto Central, Chapada dos Veadeiros e Chapada Diamantina.‍‍Você acha o canionismo uma atividade perigosa? Quanto?‍‍Sim e não. Eu explico.É uma atividade potencialmente perigosa por suas características altitudinais, aquáticas e regionais por ser praticada em locais inóspitos. No entanto, escolas tradicionais como a que me formei, a francesa, vem investindo no desenvolvimento e aprimoramento de técnicas para sanar falhas do passado.Os equipamentos também evoluíram e isso faz com que o risco seja controlado.O canionismo está se popularizando no Brasil e por esse motivo já começaram a acontecer acidentes.A disponibilidade de informação na web, como tutoriais no YouTube, acredito que também contribuem para que os novos praticantes aspirem de forma rápida, porém muitas das vezes técnicas erradas e/ou inconsistentes (uma vez que a web atualmente está lotada de informações erradas) faz o novo aprendiz emitir um juízo de valor oco, amparado em sua emoção e não na razão. Bom, é por esses fatores e pelas características comportamentais dos tempos atuais que a primeira resposta é sim. É perigosa.Entretanto, conheço canionistas que já praticam há mais tempo do que eu e que nunca tiveram um arranhão. Claro que com o passar dos tempos, com a evolução das técnicas e dos equipamentos, os praticantes vão ficando cada vez mais arrojados.Mas para os praticantes (antigos ou novos) que sabem se despir do espírito competitivo e que acima de tudo sabem respeitar seu nível técnico, sem vislumbres, acumulando maturação consistente, e que reconhecem os perigos da atividade sem o clima de “oba-oba”, sem subestimar o cânion, para esses praticantes a atividade se torna segura.‍Como está o canionismo no Brasil?‍Em crescimento, assim como houve um boom na Europa nos anos 2000.Muitos estão migrando do rapel, ou fazendo um híbrido. Os encontros brasileiros e estaduais que aconteciam anualmente fomentavam a atividade, mas entraram numa curva descendente.‍Voltaram a força após um RIC (Rendez-vous International Canyon) ou Encontro Internacional de Canionismo, o primeiro e com edição única até então, cujo evento aconteceu em 2012 em Delfinópolis/MG.De lá pra cá, com a popularização e novos cânions sendo conquistados, a atividade cresceu, apesar da quantidade de praticantes ainda ser inexpressiva em relação a outros esportes de montanha e aventura.O brasileiro ainda não está completamente disposto a adotar esse estilo de montanha, em especial o do canionismo, mesmo o Brasil tendo um potencial enorme. Mas aos poucos isso vem mudando.Onde você pratica mais o canionismo?Região de Furnas! Terra onde nasci! (risos)Cânions com quartzitos claros e águas cristalinas. Não foi essa a pergunta, mas vou dizer: Já desci cânions em várias regiões, mas nenhuma região supera as características cênicas das Minas Gerais, em especial a região de Furnas.Quais outros esportes você pratica?Pratiquei por muito tempo a escalada em rocha e gosto muito de uma variedade dela, o psicobloc (praticado sobre a água e sem corda) é também uma atividade anfíbia. Mas com o foco dedicado ao canionismo nessa década, não tive tempo para praticar o quanto gostaria.Outro esporte que pratico ocasionalmente é o mergulho com cilindro.Mas o esporte que tenho me encantado é o Paraquedismo (skydive). Fale um pouco sobre sua entrada no paraquedismo.Era um sonho de criança. Queria praticar quando assisti uma cena irada da primeira versão do filme “Caçadores de Emoção”, onde o personagem Bodhi (Patrick Swayze) intima o agente Utah (Keanu Reeves) a saltar e fazer um ritual de encerramento do verão, uma estrela no ar. Acompanhava também pela TV um paraquedista ícone dos anos 2000, o Gui Pádua, que é quase um conterrâneo e me influenciou muito. Mas na época, minha idade para me deslocar até as áreas de salto, na frequência com que elas aconteciam e geravam custos, me limitavam.Mas em 2013, eu disse: - Agora preciso investir nesse sonho. Fui pra Resende/RJ a convite de um experiente amigo e instrutor de paraquedismo e iniciei o curso, porém não dei continuidade. Em 2018, já morando em Ribeirão Preto e mais perto do Centro Nacional de Paraquedismo, em Boituva/SP, retornei a esse esporte que requer muita dedicação tanto para o desenvolvimento de performance quanto para uma maturação na gestão dos riscos. Desde então venho gostando cada vez mais.‍‍Fale um pouco sobre sua atividade como produtor de vídeos de aventura.‍‍Um pouco? Posso falar muito? (risos)É outra paixão, e virou profissão. Cultivo esse gosto desde criança também.Me formei numa área correlata e assim que me formei em 2004, já com uma certa experiência em atividades de aventura e de montanha, comprei minha primeira câmera, uma HandCam Mini-DV para poder registrar minhas aventuras.De uma forma espontânea, observando muito e testando formatos, os registros iam ficando cada vez melhores. Quando em 2010 resolvi que queria ter um programa de TV com tema de aventuras. Fiquei dois anos fazendo pilotos e procurando canais que eu pudesse exibir meu conteúdo e em 2012 estreei num canal local de Ribeirão Preto, onde fiquei até 2018.Durante esse tempo, já praticando canionismo e sendo este o tema predominante dos meus programas, acabei me tornando a referência na produção de vídeos para quem pratica o canionismo e num estilo de produção a ser copiada pelos amadores! (risos)Desenvolvi minha expertise para esse tipo de gravação que envolve água, barulho, pouca luz e atletas que na hora H, querem andar rápido e sair do cânion. Como transitava por outros esportes, recebi convites para atuar em outras produções como as de BASE Jump, que venho fazendo bastante e até mais do que eu esperava.Em 2014 eu fui convidado pelo icônico aventureiro e experiente em imagens de aventura, Celso Cavallini, a participar de uma de suas produções que foi no cânion BS Prime onde aprendi muitos macetes com ele, tanto técnicos quanto burocráticos.Em novembro de 2015 comecei a construir um projeto de uma série de canionismo para o canal Off. Consegui finalizar uma negociação, mas que foi adiada devido ao frágil cenário político e econômico que o Brasil passou em 2016. Mas em 2018, já na era do digital, foi ao ar pelo aplicativo do canal Off a primeira produção sobre canionismo produzida no Brasil, por mim.10) Deixe uma mensagem para quem deseja ingressar no canionismo, paraquedismo ou outras atividades de aventura.R: Procurem sempre alguém que realmente tenha um bom histórico na atividade e nunca, nunca tenham pressa em começar. Nos dias de hoje, todos queremos as coisas “pra ontem” e isso faz com que se pule etapas importantes no aprendizado e formação do aprendiz. E em se tratando de esportes de risco, isso pode ser mortal.No canionismo, apesar de não ser obrigatório, é interessante que se faça um curso com entidades ou alguém que tenha um bom histórico e bagagem. Afinal, você pode aprender de forma errônea justamente pelo fato do curso não ser obrigatório e por não possuir algum tipo de padrão.Para saber escolher, não tenha pressa e pesquise bastante. Já no Paraquedismo é obrigatório o curso. O método usado hoje é o AFF (Acelerated Free Fly) composto por conteúdo teórico e mais 7 níveis práticos que o aluno deve cumprir e também ser aprovado. Depois você passa para a fase de maturação e mesmo saltando sozinho, sempre estará sob a observação de um instrutor até o seu 25º salto. A maior área de saltos da América Latina é Boituva e lá consequentemente concentra a maioria das escolas que funcionam praticamente todos os dias da semana.Por ser um esporte mais antigo que o canionismo e ser praticado em todo mundo basicamente com os mesmos protocolos, os instrutores serem submetidos a comprovação de proficiência, você não precisa se preocupar com a possibilidade de “aprender errado” ou de forma divergente entre escolas.E mais uma vez eu pontuo: A pressa é inimiga da evolução.As demais atividades de aventura seguem esses modelos acima, tanto para esportes que se pode aprender praticando com um amigo/instrutor ou para esportes que necessitam de cursos e é praticado de forma padrão em todo o mundo.
Entrevista: Arthur Simões
Entrevista com Arthur Simões – Pedal Pelo MundoArthur Simões nasceu em São José dos Campos, SP, é formado em Direito pela UniversidadeMackenzie. Em 2006 deu início ao projeto Pedal na Estrada, uma volta ao mundo de bicicleta, percorrendo sozinho 46 países, em 5 continentes. Voltou ao Brasil em 2009, após 3 anos e 2 meses de viagem. Lançou o livro O Mundo ao Lado, sobre sua viagem, realizou exposições de fotografias e atualmente trabalha com fotografia, viagens e segue em busca de novos destinos. Como surgiu a ideia de você fazer volta ao mundo de bicicleta? A ideia surgiu deforma despretensiosa e natural. Pedalo desde criança e a bicicleta já teve diferentes papéis nessa trajetória. Começou como instrumento de liberdade na infância, virou meio de transporte, esporte, hobby e durante a faculdade se tornou uma forma de viajar e conhecer novas culturas. Foi nessa época, enquanto realizava roteiros aqui no Brasil, que soube de um alemão que estava concluindo sua volta ao mundo de bike e custei a acreditar que aquilo era possível. Ficava imaginando como seria fazer uma viagem daquelas. Daqueles devaneios surgiu o embrião da minha viagem e com o tempo ele amadureceu e se tornou um projeto mais consistente, pronto para ser executado. Em paralelo a isso, há também o aspecto do autoconhecimento e questionamentos, que eu acredito ser uma busca que acompanha a maioria dos viajantes. Do ponto de vista pessoal, o que é necessário para elaborar um projeto desse tipo? Como ter a certeza que que ele poderá realmente ser executado e finalizado?Para mim, perseverança e humildade são os elementos fundamentais para se começar e concluir um projeto. Acreditar nele é essencial para que vire realidade, mas estar aberto a sugestões, colaborações e adaptações é tão importante quanto. É muito provável que a pessoa ao elaborar um projeto se depare com uma série de obstáculos, como falta de dinheiro, tempo, parcerias, capacidade técnica, conhecimentos específicos e uma série de outras coisas. Aqui entra a perseverança, pois em alguns momentos pode parecer que nada dará certo e tudo está contra essa empreitada. Há que lembrar que nunca é fácil e só aqueles que não desistem e acreditam firmemente no que estão propondo chegam a algum lugar.Passada essa fase há a execução do projeto. Aqui não há certezas, especialmente quando um projeto trata de desafios ou um grande aventura. O risco está quase sempre presente e o que pode ser feito é um bom planejamento e preparo para que os riscos sejam minimizados. Isso aumenta as chances de que o projeto seja finalizado, mas não é uma garantia. Quando uma pessoa vai para a natureza, muitas vezes está lidando com o desconhecido e o inesperado. Como foi o preparo?O preparo foi menos físico e mais burocrático do que costumam imaginar. Como o Pedal naEstrada – nome do projeto da volta ao mundo de bicicleta – era um projeto longo e relativamente complexo, que envolvia diversos parceiros institucionais, apoios e patrocinadores, nos meses que antecederam minha partida eu estava mais envolvido em deixar tudo ajustado para a partida do que em treinar minhas pernas. Como não havia treinado o quanto eu gostaria, comecei a viagem percorrendo distâncias mais curtas, justamente para meu corpo se adaptar, e em pouco tempo já percorria distâncias bem maiores do que eu achava que conseguiria. Todos dizem que essa parte burocrática é a mais difícil. Como você lidou com isto? Em algum momento teve dúvidas sobre a viabilidade do projeto?A parte burocrática é bem difícil mesmo, o projeto muitas vezes depende dela e fica claro que a realização do projeto não depende só de você, mas de muitas outras pessoas, empresas, organizações e governos. É algo complexo, mas acredito que com humildade e perseverança possa ser realizado. Há que ter humilde para admitir que o projeto precisa ser alterado e lapidado ao longo dessa jornada e perseverança para não desistir, mesmo quando tudo parece não dar certo. Em vários momentos achei que não conseguiria os patrocínios e parcerias que precisava, mas nunca desisti. Estava disposto a fazer a viagem de qualquer forma, com ou sem patrocínio, isso me ajudou a sempre seguir em frente e lidar com as dificuldades desse começo. Após algum tempo vi que o toda a energia que eu havia colocado no Pedal na Estrada (projeto de volta ao mundo de bicicleta) havia dado resultado, era hora de tirar o projeto do papel e cair na estrada. Como foi elaborar o roteiro, selecionar os países?O roteiro foi o início de tudo. Quando resolvi que iria dar a volta ao mundo de bicicleta eu sabia o que queria realizar, mas ainda não tinha ideia por onde começar. Inicialmente me debrucei sobre o roteiro da viagem. Juntei alguns atlas que meu pai tinha, consegui mapas com amigos, cacei livros em bibliotecas e comecei a traçar detalhadamente a rota que iria realizar. Não me limitei por critérios rígidos ou alguma diretriz específica. Queria criar livremente o meu roteiro e para isso quanto menos limitações eu tivesse, melhor seria. Muitas vezes, ao percorrer o mapa, chegava a um país que eu não conhecia, como foi o caso de Mianmar, no Sudeste Asiático, e isso me animava ainda mais a inseri-lo em minha rota. Em linha gerais, a rota foi traçada entre os Trópicos de Câncer e Capricórnio, para evitar com que eu me deparasse com invernos muito duros e não precisasse carregar os pesados equipamentos para temperaturas negativas. Esta foi uma solução inteligente para afastar o perigo de climas mais extremos. O que mais você conseguiu prever que te ajudou quando estava em expedição?Acredito que uma boa seleção dos equipamentos foi algo que me ajudou muito. Bolsas a prova d’água, fogareiro para diversos tipos de combustível e itens de acampamentos versáteis e leves fizeram a viagem ficar mais fácil em alguns momentos. Mesmo assim todos esse planejamento não é garantia de nada, em alguns momentos peguei frio extremo, como nos Andes, calor extremo no Deserto do Saara e as monções noSudeste Asiático. Mesmo assim imaginava que iria me deparar com situações do tipo e estava um pouco preparado para isso. Você já tinha a previsão de realizar a viagem durante três anos ou ficou mais tempo do que o previsto? Estimar a duração de uma viagem como essa é sempre um desafio, pois é impossível prever tudo oque irá acontecer. Sabendo disso tracei uma estimativa curta e outra longa, sendo que a maior tinha 2 anos e meio de duração. Ambas passavam por 28 países.No final da viagem eu havia viajado durante 3 anos e 2 meses e percorrido 46 países. Foi muito positivo para a viagem, mas passou longe até da minha estimativa mais otimista.Nunca me preocupei tanto em me ater ao roteiro que havia desenhado, sabia que ele era apenas uma referência para mim e não deveria ser mais que isso, caso contrário poderia ofuscar as principais características de uma viagem autêntica: a imprevisibilidade e liberdade. Uma longa viagem tem vida própria, é como algo vivo. Para ser bem executada essa característica deve ser compreendida e mantida, caso contrário há o risco de se realizar toda a jornada de forma mecânica e automática, indo do ponto A ao B e depois ao C, como se fosse uma missão ou um trabalho. Acredito que viajar seja ir além disso, é especialmente se abrir para a vida que está em toda parte e isso não combina como mecanicidade ou automatismo. Muitos aventureiros sempre tiveram dificuldades em fechar patrocínios pela característica mais aleatória de certas aventuras. Você acha que isso está mudando? Como foi com você? Acha que hoje seria diferente de quando fez a sua volta ao mundo?Acho que conseguir patrocínio sempre foi algo difícil e pelo o que eu vejo, hoje não mudou muito.Esse tipo de relação não depende só do aventureiro e de seu profissionalismo, depende também do momento da economia do país, da rede de contatos que ele tem e, sempre, de um pouco de sorte para estar na hora certa no lugar certo. Para mim foi bastante difícil também, mas sabendo dessa dificuldade e que dificilmente alguém patrocinaria apenas um projeto esportivo no Brasil, fiz com que o Pedal na Estrada fosse maior que isso. Assim criei um projeto educacional para os estudantes brasileiros, algo que seria realizado enquanto eu viajava. Fiz parcerias com diversas ONGs e isso deu muita consistência ao projeto. A partir daí o Pedal na Estrada começou a chamar a atenção, o que facilitou minha conversa com diversas empresas e me abriu muitas portas. Naquele momento apostei na inovação e na realização de algo novo e inusitado, era uma volta ao mundo de bicicleta – algo raro no Brasil até então – somada a um projeto educacional diferente, tudo isso usando o que havia de melhor de tecnologia naquele momento. Isso fez com que o projeto se destacasse. Hoje o mesmo projeto não teria o mesmo impacto, pois não seria assim tão diferente e desbravador.Para ter o mesmo sucesso que tiver teria que pensar em outras estratégias para atingir os mesmos objetivos: levar o projeto para muita gente, ajudar o maior número de pessoas possível e desenvolver algo inovador, que ninguém fez ainda.Não é fácil, mas isso pode ser a diferença entre um projeto que acontece e outro que não sai do papel. Quais as melhores experiências que você teve e as maiores dificuldades?Acredito que as melhores experiências estejam ligadas a me sentir em harmonia com o local onde eu estava e para isso ocorrer eu dependia especialmente das pessoas de cada região. Quando eu me sentia acolhido e bem recebido em determinada cidade ou vilarejo, ficava mais fácil desenvolver uma relação mais profunda com o local onde estava. O oposto também é verdadeiro e faz referência às grandes dificuldades do caminho. Outra dificuldade era ficar doente, geralmente devido à comida – que era o meu combustível –, num lugar distante. Onde se sentiu mais acolhido e onde foi mais rejeitado? (Se é que podemos usar esse termo?) Consegue ilustrar duas situações desses extremos?O mundo árabe, ao contrário do que as pessoas costumam pensar, costuma ser o lugar mais acolhedor para viajantes. Quanto mais muçulmano maior o acolhimento. Talvez tenha sido por isso que fui justamente no Iêmen onde eu fui melhor recebido. Nos pequenos vilarejos por onde eu passava e pernoitava, geralmente eu era recebido com festa e não mediam esforços para me agradar. Encontravam alguém que falava inglês para conseguirem se comunicar comigo, tiravam água dos poços artesianos para que eu pudesse tomar banho – e olha que estavam no meio do deserto, onde água era um luxo – e preparavam um banquete para mim numa casa que separavam para eu dormir. Era algo difícil de acreditar de tão impressionante que era. Até hoje guardo memórias muito boas desse país e seu povo. Em contrapartida, não longe dali, apenas no outro lado do Mar Vermelho estão os países onde não fui bem recebido. Tanto do Djibuti quanto na Etiópia as pessoas que recebiam com pedras nos vilarejos. Bastava verem que eu não era dali que pegavam pedras e começavam a tacar em mim. Entendo que eles tinham os motivos deles, assim sempre tentei não julga-los por isso, mesmo assim a sensação de ser recebido com pedradas não era muito agradável, ainda mais quando se está sozinho num lugar desconhecido e distante. Quais as histórias inesquecíveis que ouviu pelo caminho? Acredito que cada local e cada pessoa tenham pelo menos uma história interessante para contar, basta saber escutar e observar. Tentava fazer isso com cada lugar onde eu ia.Me perdia pelas vielas de uma cidade de mais de 5 mil anos e até me encontraria aprendendo a ler e escutar a história que seus sinuosos caminhos me contavam. Com as pessoas não era diferente, quase todos tinham uma história interessante para contar para quem quisesse ouvir. Por vezes eram histórias de superação e aprendizado, em outros casos de dificuldades e até milagres. O principal, eram histórias de verdade, de pessoas de verdade, histórias que provavelmente não leremos e nem ficarão registradas para a posteridade. Acredito que esse tipo de vivência seja um contraponto interessante à sociedade do espetáculo em que vivemos, onde a aparência e a imagem prevalecem sobre a realidade, como se algo fosse feito apenas para ser contado e não para ser vivido. Não se sabe mais oque é verdade e o que é inventado. Pode contar uma dessas histórias que mais te marcaram para os nossos leitores? Como acha que a comunidade aventureira pode atrair mais a atenção da mídia para estas histórias/vivências reais?No mundo há milhões de heróis, artistas e pessoas incríveis que vão morrer sem terem o devido reconhecimento. Isso não é de hoje, sempre foi assim e continuará sendo por muito tempo. Para se encontrar tais pessoas e suas histórias e talentos basta ter abertura e sensibilidade. Lembro de um senhor no Paquistão que salvou diversos turistas em sua casa de um possível atentado de um grupo extremista, mesmo que para isso estivesse colocando sua segurança em risco. Essa é apenas uma história simples, mas que passa desapercebida. Hoje a maioria das pessoas fica em busca de histórias espetaculares, em lugares incríveis e acabam quase sempre mostrando a mesma coisa. Quase sempre se esquecem que na maioria das vezes temos exemplos incríveis ao nosso lado. Existe algum destino que você mais se identificou?Me identifiquei bastante com Mianmar, Iêmen e o norte do Paquistão. São países que não são muito conhecidos e permanecem ainda hoje relativamente fechados para o mundo. Por terem se isolado, mantiveram seus valores e culturas preservados de maneira quase intacta. São sociedades muito diferentes do padrão ocidental, um padrão presente em quase todo o mundo atualmente. Acredito que a autenticidade dessas sociedades tenha me conquistado, nada era para atrair turistas ou ganhar mais dinheiro nesses locais. Da mesma forma, houve algum país ou local específico com o qual tenha se decepcionado?Não houve apenas um, mas diversos. Talvez a maior decepção tenha sido com a Índia, um país que sabia que tinha diversos problemas, mas que esperava que fosse minimamente espiritualizado, em função de tantas histórias. No entanto, o que eu encontrei lá, para a minha surpresa, foi um país duro, sofrido, de muita desigualdade e repleto de charlatães e aproveitadores. A espiritualidade se tornou um negócio muito lucrativo para os indianos. Quais conselhos você repassa para quem deseja viajar de bicicleta pelo mundo?Não pense muito e nem espere que tudo esteja perfeito para partir. Marque uma data de partida, faça o seu melhor para planejar a viagem e quando chegar o dia comece com o que tem, depois a viagem irá acontecer da forma que tem que acontecer e, ao final, você terá feito uma viagem única, a sua viagem. Se ainda há dúvidas, basta lembrar do ditado que diz que “o universo conspira a favor dos viajantes”. Acredito que isso seja verdade para os verdadeiros viajantes, aqueles que estão dispostos a abrir mão daquilo que têm para verem o mundo. Qual foi o maior aprendizado de viajar sozinho?Viajar sozinho proporciona uma abertura muito maior para absorver e aprender sobre cada cultura visitada. Sozinho fica mais fácil se desprender de toda bagagem cultural e social que está impregnada em cada um como se fosse a única correta, para observar sem muitos julgamentos e aprender com culturas diferentes. Subjetivamente, viajar sozinho mostra que é possível, desde que se esteja bem consigo próprio, estar bem em qualquer lugar. É a prova de que o mais importante não é simplesmente o que é visto, mas sim como aquilo é visto e absorvido. A partir do momento que se está bem internamente, tudo à sua volta também está bem e não há problema que não possa ser superado. Em algum momento pensou em desistir? Confesso que nunca pensei em desistir. Não por ser durão ou coisa do gênero, mas por sempre achar que estava no lugar certo e fazendo o que tinha que ser feito. Essa certeza fazia com que eu não duvidasse da minha viagem e nem alimentasse comparações com outras possibilidades, como viajar de carro ou de moto ou mesmo ter seguido a profissão de advogado, por exemplo. Quase todos os dias acordava feliz por estar realizando aquela viagem e por poder pedalar por mais uma nova estrada. Até mesmo os maiores problemas eu encarava como possibilidades de aprendizado e isso os deixavam como se fossem parte integrante do caminho e não um obstáculo.
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